20.8.14

OS RISCOS DA MATA - HISTÓRIAS DE ANINHA



                                   
                                   
                                           3º EPISÓDIO –  OS RISCOS DA MATA


                                                                    Foto Ilustrativa


Papai e mamãe era um casal muito  feliz!
Minha irmã mais velha, a Maci, conta que Papai tocava sanfona e cantava junto com a Mamãe em casa e nas festas das redondezas.

Eu toco teclado e canto nas Missas dominicais do Santuário São Francisco de Assis na 716 Norte e  na 1ª terça-feira do mês  na missa de Santo Antonio Galvão – Frei Galvão, na Paróquia Nossa Senhora do Lago Norte, em Brasília.
Bessa, meu marido também canta, me ajuda e me acompanha sempre, graças a Deus.

Cantar e levar  alegria aos outros é um dom de Deus e isso herdei do meu Pai e da minha Mãe. Glórias e louvores ao Senhor nosso Deus!


Como a nossa casa em Simão Nunes - propriedade da Usina Ressaca - foi  construída numa  área alta do terreno, nos permitia que víssemos as onças pardas e pintadas  do outro lado do rio Paraguai e era uma diversão contemplá-las à distância se deleitando na prainha de areia com seus filhotes. É uma imagem muito linda e querida que está na minha mente.
                                                           



Quando meu pai com os homens se afastavam para desbravar as terras, e  as onças pintadas ou pardas se aproximavam da casa, mamãe as espantava  tocando com um pau ou uma vara forte nas latas grandes, vazias,  de biscoito e bolachas que ficavam dependuradas na cerca... Foi meu Pai quem providenciou as latas e as dependurou amarradas na cerca...

A fortaleza da nossa casa era apoiada nas latas e na ajuda dos cachorros. Quando os cachorros latiam, era o sinal de que havia onças rondando por perto. Assim, com os latidos dos cachorros, minha Mãe batia nas latas na esperança de que as feras fossem embora...
O barulho era estridente e as  afastava  de perto de casa, que com certeza queriam pegar os animais domésticos...

Parecia um filme do Jurassic Park ...
Nesse momento, eu me escondia embaixo da cama...

Numa das excursões mata a dentro,  Papai comeu mel envenenado pelos índios , que ocasionou a sua morte. Os homens que trabalhavam com meu pai, desconfiados, não comeram daquele mel...
 Papai passou mal e foi levado para Cáceres às pressas, ficou hospedado na casa de Tia Theodora – parteira – prima  de meu vô Luiz Militão.  

Meu pai, desenganado pelos médicos, pediu para retornar à Ressaca onde faleceu e seus restos mortais lá se encontram no Cemitério  local, à entrada da Usina.

A Usina Ressaca atualmente é do grupo Grendene que explora a criação de gado. O cemitério foi cercado e encontra-se dentro do grande curral de pastagens.  Da década de 50, ainda permanecem o prédio da Usina e parte da casa grande.

 Mamãe quando estava  em Cáceres com Papai doente, por volta das 18 horas, sabendo da gravidade da saúde de meu Pai e angustiada com a nossa criação , na oração do Ângelus,  sentiu a presença de Nossa Senhora que lhe dizia: “ Deus lhe tirará seu marido, mas sempre a amparará...” e assim foi, graças a Deus!
Deus sempre esteve conosco e apoiou a minha Mãe viúva e a nós, seus filhos...

Quando meu pai faleceu, eu estava com 4 anos de idade.
 Desde então Mamãe preferiu ficar só.
 Deixou Simão Nunes e ficamos morando na Usina Ressaca.

 Dr. Gentil, casado com Dona Branca, era o novo sócio-administrador.

Brasília, 20 de agosto de 2014
Próximo episódio, 4ª feira, dia 27.08.14


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