'Hoje, somos chamados a contemplar a família de Nazaré. O
Evangelho nos apresenta a família de Jesus, que é religiosa, e por isso, vivendo
segundo os preceitos da Lei Mosaica, vai ao templo de Jerusalém para apresentar
o menino Jesus. O texto não fala de resgate, mas afirma que “todo primogênito
do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor” (Lc 2,23). Jesus não é
resgatado como os outros meninos hebreus, mas é Ele quem resgata, Ele é
Salvador.
No templo se dá o encontro profético com o velho Simeão e com Ana. Ambos simbolizam o Israel fiel a Deus que esperava a consolação de Deus, a realização da promessa: “...porque meus olhos viram a tua salvação, que preparastes diante dos povos: luz para iluminar as nações e gloria de teu povo, Israel” (Lc 2,32). Eles contemplam, veem a salvação de Deus. Aquela criança traz em Si o mistério de ser o Filho de Deus, a Salvação de Deus. Tantos a viram, mas só Simeão e Ana tiveram a graça de penetrar no mistério de Cristo, pois olharam com os olhos da fé. No templo, a gloria de Israel se manifesta, pois é de Israel que vem Jesus, mas a salvação toma uma dimensão de universalidade, pois este menino é luz para iluminar as nações.
A atitude de José e de Maria é de admiração com o que diziam a respeito de Jesus (Lc 2,33). Admiração significa a atitude do homem e da mulher que veem um significado mais profundo na vida, nos fatos históricos, nos acontecimentos. Significa abrir a vida e a história ao absoluto de Deus. A família de Nazaré é uma família de fé e, por isso, penetra os fatos e acontecimentos com a luz da fé.
Mas já na apresentação no templo de Jerusalém se prenuncia
a morte de Jesus: “Ele será sinal de contradição (...) Quanto a ti, uma espada te
transpassará a alma” (Lc 2,34-35). A redenção se realizará com a morte de cruz.
Aos pés da cruz se encontrará Maria, tendo o coração transpassado pela espada de
dor. Evangelista coliga o início do evangelho com o fim.
A família de Jesus voltou para Nazaré e o menino Jesus
crescia em sabedoria e em graça (Lc 2,40). Sabedoria implica o crescimento diante
da ciência da época e graça indica o crescimento na amizade com Deus, seu Pai.
Jesus teve uma educação integral e torna-se exemplo para a educação de nossas
crianças hoje, que são chamadas a ter uma vida onde a fé tem um papel
importante. A transmissão da fé deve se dar na vida familiar, onde os pais
vivem a fé como uma grande riqueza e por isso a transmitem para os filhos.
Contemplar a família de Jesus nos ajuda na vivência da vida
familiar. Nazaré quer ser, hoje, uma grande escola de vida familiar. São Paulo
VI disse: “Que Nazaré nos ensine o que é a família, sua comunhão de amor, sua
beleza simples e austera, seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de
Nazaré o quanto a formação que recebemos é doce e insubstituível: aprendamos qual
é a sua função primária no plano social” (Discurso em Nazaré a 5 de janeiro de
1964).
Que a família de Nazaré ajude nossas famílias a serem
comunidades de amor, de fé e de vida.'
PALAVRA DO PASTOR
A SAGRADA FAMÍLIA, MODELO PARA NOSSAS FAMÍLIAS
Dom Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília – DF.
Em, 27 de dezembro de 2020
Ana Pinto de Miranda
Bessa
À serviço do
Senhor!
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