19.12.21

LUCAS 1,39-45 : A FÉ CAMINHANTE DE MARIA - REFLEXÃO DO PASTOR DOM PAULO CEZAR COSTA

 



 

'Neste quarto domingo do advento, encontramo-nos com Maria. Ela é a pessoa central deste tempo de espera, pois ela foi a primeira que viveu a espera do seu filho. Quem primeiro viveu o advento foi ela. O evangelho nos apresenta a visita de Maria a Isabel (Lc 1, 39-45).  Essas duas mulheres são associadas por um mesmo projeto divino. O anjo, que havia anunciado a Maria que ela seria a mãe do Salvador, tinha anunciado a ela que Isabel estava grávida e já era o sexto mês para aquela que era chamada de estéril. Maria já tinha, na anunciação, colocado toda a sua existência como serva, à disposição de Deus. A fé a faz caminhar apressadamente. Caminhar apressadamente representa a mulher que quer, na sua vida, realizar a vontade de Deus. Maria representa os pobres de Iahweh, que não têm nenhuma outra riqueza a não ser Deus e que, por isso, se confiam totalmente ao seu amor misericordioso. Papa Francisco comenta que Maria “é a mulher orante e trabalhadora de Nazaré, mas é também Nossa Senhora da prontidão, a que sai “apressadamente” (Lc 1, 39) da sua povoação para ir ajudar os outros. Esta dinâmica de justiça e ternura, de contemplação e de caminho para os outros faz dela um modelo eclesial para a Evangelização” (EG. 288). A Igreja, mãe da ternura, caminha sempre como Maria, porque a sua dinâmica é caminhar. A intimidade da Igreja com Jesus é itinerante, a comunhão reveste essencialmente a forma de comunhão missionária e, por isso, a Igreja sai para anunciar o evangelho a todos, em todos os lugares e ocasiões. Evangelizar é a missão da Igreja.

                                                               


A realização da vontade de Deus é o caminho da Igreja. Por isso, no dia da minha posse, um ano atrás, expressei o meu sonho de Igreja: “Sonho que juntos construamos uma Igreja que seja mais Maria, que corra com mais leveza, porque é mais evangelho e menos estruturas, é mais ação e menos palavra, é mais anúncio e menos reuniões. Sonho com uma Igreja mais livre, que dialoga com todos, mas temente somente a Deus e  amiga do mundo”.

Maria entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. O simbolismo da casa de Isabel relembra a vida familiar, relembra a Igreja doméstica. Maria entra na vida, na intimidade de Isabel e Zacarias. No encontro entre Maria e Isabel, está inserido também um encontro simbólico entre Jesus e João Batista. O encontro destas duas grandes mulheres significa o encontro da Antiga Aliança e da Nova Aliança, o encontro entre a promessa e a realização da promessa. Isabel, embora mais idosa, manifesta sua submissão a Maria: “Bendita és tu entre as mulheres…”. A mesma realidade faz também o Batista que “estremeceu no ventre de Isabel”, para realizar, assim, a vocação de orientar as pessoas para Jesus.

Maria contempla, vê com seus olhos a maravilha da obra de Deus em Isabel, pois a estéril conceber só pode ser obra de Deus. E Isabel é impactada pela saudação de Maria: “Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite, pois logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu ventre”. (43-44). Aqui já se expressa toda a fé da Igreja na mãe de Jesus, toda a veneração que a Igreja das origens tem por Maria e, ao mesmo tempo, a fé em Jesus Cristo.

Maria é mãe do Filho de Deus.  Senhor é o título de Cristo. Ele ressuscitado é proclamado Senhor. Proclamar que Jesus é o Senhor significa reconhecer a centralidade Dele na história e na vida humana.’

 

          PALAVRA DO PASTOR

      A FÉ CAMINHANTE DE MARIA

           Dom Paulo Cezar Costa

          Arcebispo de Brasília – DF.

 

  Em, 19 de dezembro de 2021

  Ana Pinto de Miranda Bessa

           À serviço do Senhor!


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