24.4.22

JOÃO 20,19-31 : A QUEM PERDOARDES OS PECADOS ELES SERÃO PERDOADOS - DOM PAULO CEZAR COSTA

 





'Este tempo Pascal nos faz experimentar a força da ressurreição de Cristo na história, na vida e na existência das pessoas. Às vezes, quando nos deparamos com os horrores da guerra, da violência, da fome, das injustiças, somos tentados a pensar que é o mal prevalecendo. Mas é o amor de Cristo que vence. Basta olharmos, mesmo nos horrores da guerra, quanto solidariedade, quantas pessoas acolhendo os refugiados, quanta gente comprometida com o bem, com a justiça e a verdade no anonimato da história. O direcionamento da liberdade para o bem é fruto da ação da graça de Deus que trabalha no escondimento dos corações, das consciências.

Estamos celebrando, neste segundo domingo da Páscoa, o domingo da Divina Misericórdia. A misericórdia é o amor que vem do íntimo de Deus, do coração de Deus que quer perdoar, restaurar as vidas feridas pelo pecado, pelo mal.

                                                       


O Evangelho de hoje (Jo 20,19-31) nos apresenta a aparição de Jesus aos discípulos primeiro sem Tomé e, depois, com Tomé. Há uma continuidade entre o crucificado e o ressuscitado, e, por isto, Ele mostra para os discípulos as mãos e o lado. Suas mãos traziam as marcas das chagas, agora gloriosas. Em seguida, Ele lhes deseja, de novo, o dom da Paz. A paz é um dom que nasce do coração do Ressuscitado que tinha reconciliado a terra com o céu. Ele construiu com Seu sangue a paz e, agora, Ele doa a paz. Ele quer que os Seus sejam portadores da Paz. Por isso, os discípulos de Jesus não podem ser construtores de guerras, injustiças, mas sim de paz.

Jesus dá a missão aos discípulos. Jesus foi enviado pelo Pai e agora Ele envia os discípulos, que devem continuar, na história, a obra do Ressuscitado. A Igreja, portanto, é a continuadora, na história, da missão de Cristo. Depois, Jesus sopra sobre os discípulos e lhes dá o Espírito Santo. O Ressuscitado é o doador do Espírito para os Seus, para a Sua Igreja. Em seguida, Jesus concede aos discípulos o poder de perdoar os pecados: “A quem perdoardes os pecados eles serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles serão retidos” (Jo 20,23). Este poder, expresso neste versículo, é a manifestação de um poder muito maior, isto é, o poder de isolar, de repelir e anular o mal e o pecado, um poder dado pelo Pai a Jesus em sua missão e, por sua vez, dado por Jesus, por meio do Espírito, àqueles a quem ele comissiona (R. Brown, Comentário ao Evangelho segundo João,2,1531). Jesus deu este poder aos discípulos e, por meio destes, à sua Igreja. É o que a Igreja continua e continuará a fazer, em nome de Jesus, até o final dos tempos.

Na parte final do Evangelho tem-se o encontro do ressuscitado com Tomé (Jo 20,24-30). Tomé foi chamado a ser o primeiro a crer sem ver. Contudo, ele não foi capaz de dar esse passo, precisou ver, tocar para crer. Ver, tocar representam a fragilidade no caminho de fé. Talvez na fragilidade da fé de Tomé nos sintamos contemplados, consolados, mas, somos chamados, sempre, a um crescimento maior no caminho da fé.

Que o encontro com este Evangelho nos ajude a uma maturidade maior na nossa fé e a termos sempre consciência de que, por meio da Igreja, do sacramento da reconciliação, na pessoa do sacerdote, o Senhor nos concede o perdão e a paz.’

 

                   PALAVRA DO PASTOR

         A QUEM PERDOARDES OS PECADOS

               ELES SERÃO PERDOADOS

                    Dom Paulo Cezar Costa

                   Arcebispo de Brasília – DF.

 

      Em, 24 de abril de 2022

  Ana Pinto de Miranda Bessa

         À serviço do Senhor!




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