ENTRA EM CENA A
SILENCIOSA JOANINHA
Atílio: Ahnannnnn! ( coçou a barba). Olha Leontino, nós estamos vivendo uma época difícil com
tanta seca. É época de perder um pouco, para ganhar mais ali na frente. Tem uma
vantagem, você pode retornar imediatamente para casa se nós fizermos negócio.
Proponho 30% de desconto.
Pago agora, uns 30% do valor total de sua mercadoria em
moeda. Tenho agora algumas moedas de prata, uma maioria de patacões, que a
minha esposa Joaninha, já limpou e as
deixou brilhantes parecendo ouro. O
restante lhe pago na sua próxima viagem.
O que Atílio tinha
depositado no Banco do Brasil em Salvador, em certificados expresso em ouro,
desde à época de seu pai, era uma fortuna e põe fortuna nisso. Um segredo que nem a
Joaninha, sua esposa, sabia, pensava ele. Mas a Joaninha que também fora
alfabetizada pela professora Romana, sabia sim. Aliás sabia mais do que o Atílio
podia imaginar!
Joaninha era caladinha,
silenciosa, falava baixinho, mas era observadora, esperta e tinha um
sexto sentido aguçado. As três filhas do casal, Marcia, Mércia e Miriam saíram iguaizinhas a mãe . Pareciam gêmeas. Quando na hora do
almoço, ela e as três filhinhas do casal, sentavam á mesa era um silêncio só .Não se ouvia barulho de
talher no prato. O que comiam era tão pouquinho, até parecia passarinho
comendo.
Atílio nessa hora, olhando para a sua família silenciosa e
vendo o tantinho que comiam ficava muito feliz e sorridente. Ah, como amava a
sua família! Mas não era um amor de pai e marido, era porque as quatro comiam pouquíssimo !
Até para lavar as panelas e pratos na cozinha,
Joaninha, não fazia barulho. As quatro de chinelinho nos pés, pareciam que flutuavam
quando andavam. Não se escutava aquele som característico de chinelo arrastando
no chão (chilep...chilep...chilep).
Brasília -- DF, 22 de Dezembro de 2014
DJALMIR BESSA
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