O SABIDO E MAQUIAVÉLICO ATÍLIO
Mas como o Sêo Atílio ficou tão sabido assim? Como
apreendera a negociar e a apresentar várias faces, para provocar no oponente ou
no pobre coitado à sua frente sentimento de dó, para com ele, mesmo quando
aquele estava sendo passado para traz (ah, como o Sêo Atílio é um homem bondoso!).
Como?
Resposta: com o seu pai e este com seu avô. Além do mais
aprimorara-se. Com um treinamento
diário, aprendera a ser mais esperto e mais sagaz. E a força misteriosa da
hereditariedade, para o malfeitos,
encontrou nele um campo aberto e receptivo.
O papel-moeda naquela região
era rejeitado em virtude de estar
exposto ao suor do trabalhador, á sua mão suja de terra no trabalho do seu sustento e até as mulheres
muitas vezes os guardavam em contato com seu seio, isto é mais suor. Não se
falando naquelas mamães cujo leite era abundante e sem noção de muita higiene.,
as guardavam no seio também.
Assim o papel se deteriorava e muitas vezes desbotava. Além do mais como esconder
pequenas fortunas em papel moeda. Na rede não é possível, pois a maioria não
possuía colchão. Enterrar dentro de um pote, só moeda mesmo. Assim criou-se uma
mania, uma mística de que papel moeda não é bom negócio. Mas os bancos eram obrigados a aceita-los por
força da lei.
Quando um pobre coitado entrava no armazém do Atílio e ele percebia que ia ser pago com papel
moeda, ele afastava o empregado que o
estava atendendo, e passava a negociar.
Oh...exclamava baixinho o Atílio. Pegava o papel moeda, olhava bem devagar
os dois lados, colocava-o em cima do balcão e com as mãos cruzadas como se
fosse rezar, inclinava o corpo para a frente em direção ao infeliz; neste
momento abaixava as pálpebras e o rosto
vestia-se de infelicidade e balançava a cabeça lentamente de um lado para o
outro em sinal de negativo emitindo um chiado e falava baixinho: oh, meu
amigo...papel moeda tão sujo e
desbotado...ninguém quer...mas eu posso receber...porque eu gosto muito de
você...conheço muita a sua família...e sei que você está precisando muito desta
mercadoria...
Neste momento ficava de novo ereto, mas não tão ereto assim,
pois precisava dar a impressão de que era um velho coitado meio corcunda. O
rosto vestia nova máscara...piedade...e encarava a vitima no aguardo da sua
manifestação.
Infeliz: Tá bem Sêo Atílio, mas o que eu faço ? O senhor
fica com este papel-moeda e eu dou um desconto nele.( A angustia estava
estampada na face do pobre coitado).
Atílio: Eu vou ficar com ele só porque é você ( rosto de
quase choro)...eu a aceito com valor pela metade... Eu vou acabando jogando ela
fora!
Infeliz pensando: (Como o Sêo Atílio é bondoso ! ) Falava: Esta
bem. Me dá logo a minha compra que já vou embora.
Brasília- Df, 29 de dezembro de 2014
Djalmir Bessa
Todas as 2a. e 5a. feiras novo capítulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário