25.12.14

COITÉ - CAPÍTULO X






                                           
                       
                       

                 LEONTINIO E ATÍLIO FECHAM NEGÓCIO


Leontino abaixou a cabeça e ficou em silêncio  por alguns segundos, respirou fundo e pensou: este Atílio, vai longe, sabia puxar os pontos fracos que naquele momento era um só, voltar para casa. Mas ele não ia voltar para casa, estava pensando em ir ver de perto  esta estória de Canudos. Mas não podia externar este pensamento! Por fim falou:

Olha Atílio, a minha próxima viagem por estas  bandas não sei quando vai acontecer. Só volto por aqui quando chover. Mas ninguém sabe quando isto vai acontecer. Pensa ai numa outra forma de me pagar.

Atílio pensando: agora, como fazer ?  Não coçou a barba, mas enfiou o dedo mindinho da mão direita no ouvido e o balançou  como se fosse tirar cera acumulada. Era um cacoete que se manifestava toda vez que se via na iminência de precisar mexer no seu segredo financeiro..., mas se a seca vai demorar e os tropeiros vão suspender as viagens para Coité, vai faltar alimento... Ai sim, ele poderia suspender os preços dos secos e molhados  porque só ele (sorriu longamente)....só ele.. teria estoque de alimentos na região...

Falou:
 Sabe Leontino, ( os olhos do Atílio ficaram marejados de lágrimas. Tinha que mexer e revelar para alguém seu segredo financeiro). Eu vou te dar uma ordem de pagamento...(suspirou profundamente ) para meu banco em Salvador (suspirou novamente) para lhe pagar o restante do nosso negócio. Fecho agora, o nosso negócio na base de desconto dos 30% (agora quase chorou). Se você aceita, deve me prometer manter segredo da nossa transação para todos aqueles que perguntarem, até para o Damião !

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