Capítulo VII
ENTRA EM
CENA LEONTINO
Em seguida,
Creusantina e Damião, passaram na fonte
de agua que servia a toda a população da
vila. Ali estavam vários tropeiros descansando da sua longa viagem que faziam constantemente entre as cidades de
Feira de Santana e Jacobina.
Observaram que a fonte
de agua já não era mesma. Perdera
a força. Mas ainda brotava do solo um
respeitável rego de agua . Não era mais
aquilo que conheciam, um generoso e
borbulhante brotar de agua límpida e refrescante, que sustentava os habitantes
da vila e que atraia os tropeiros no seu afã.
Mas o esplendoroso pé de coité estava lá a oferecer
sua sombra contra a inclemência daquele sol causticante.
Para aqueles que não sabem, o pé de coité fornece uma fruta,
que quando seca e tratada vira cabaça ou cuia quando serrada no meio. No pequeno
sítio do Damião tinha alguns pés de coité.
Conversando com os tropeiros, Damião, ficou sabendo que
estes, não retornariam mais enquanto
durasse a seca. Não poderiam executar o seu oficio se não chovesse!
Além do mais, os maus caráter, os que nasceram com a maldade
no coração, já estavam se organizando em quadrilhas para praticarem assaltos,
roubos, estupros e assassinatos .
Também, continuou a
informar, surgiu um homem, que se apresentava como um santo, numa vila de nome
Canudos, com a promessa de que faria chover em abundância para aqueles que o
acompanhassem.
Damião e Creusantina, olharam entre si, e resolveram continuar a conversa com o chefe dos
tropeiros, de nome Leontino, conhecido de Damião há muito tempo, que comandava
mais dois companheiros. Um desses era seu filho adotivo e sócio, o Braga, que
nunca se casara e nem pensava nesse assunto. Mas era fiel e amigo sincero de Leontino
A tropa era constituída de oito burros. Três destinados à
montaria e o restante de cinco eram para carregarem as cangalhas ,com as mercadorias acomodadas em
grandes bolsas de couro.
Damião: Bem, Sêo
Leontino, o que é que o senhor leva ahí ?
Leontíno: Rapadura, farinha, jabá (nome dado ao charque),
milho e um pouco de feijão.
Damião pensativo: A moeda de troca de Damião era cabra e
cabritos. Ele tinha outros recursos, mas era um segredo, era uma herança com
instruções que recebera de seu pai.
Damião continuou a divagar : será que ele aceitaria aquela
cabra velha que não paria mais e nem produzia mais leite, por um tanto de
rapadura, outro tanto de farinha e algum feijão?
Damião: quanto tempo o Leontino fica aqui ?
Leontino: Para ser exato Damião, acho que fico mais dois dias.
Os burros precisam descansar e nós
também. Por que?
Damião: Estou precisando de vinte rapaduras( exagerou na
quantidade) , um tanto de farinha, outro tantinho de feijão. Proponho dar em
troca uma cabra abatida, com o bucho, o fígado tudo limpo amanhã. Em tempo para
o seu almoço.
Leontino pensativo :seria até bom mudar o cardápio com uma
carne fresca. Ele e os seus tropeiros já estavam meio enjoados de comer
diariamente jabá. Está bem, dez rapaduras,
5 litros de farinha e tres litros de feijão. Concorda ?
Damião: Concordo, mas acrescenta mais duas rapaduras.
Leontino: Fechado. A sua mercadoria você já pode levar hoje. Empresto um saco
para o transporte
Brasília - DF, 15 de dezembro de 2014
Djalmir Bessa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário