‘Estamos celebrando este primeiro domingo da Quaresma. A Quaresma é
este Tempo forte de conversão pessoal e de percepção de que a nossa conversão
possui uma dimensão social, por meio da vivência do tema da Campanha da Fraternidade,
que este ano é “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”.
O Evangelho deste domingo nos dá a tônica da vivência desse Tempo forte: deixamo-nos conduzir pelo Espírito. Jesus é conduzido pelo Espírito para o deserto. Jesus tinha, antes, recebido o Espírito, quando se submeteu ao rito penitencial de João Batista. Agora, ungido pelo Espírito, Jesus é conduzido para o deserto. O deserto era para o homem bíblico o lugar da tentação, mas também o lugar do encontro com Deus. O deserto relembra a experiência de Israel, que passou quarenta anos no deserto, rememora a caminhada de Elias. Jesus, também, passa quarenta dias no deserto e ai foi tentado. O evangelista São Marcos não especifica as tentações, como São Mateus e São Lucas. O deserto se torna, a partir de Jesus, o lugar da possibilidade de encontro com Deus, de vencer as grandes tentações da vida, de encontrar um sentido para a vida, para a existência.
Talvez a imagem do deserto nos ajude a entender a cultura pós-moderna, onde as possibilidades são tantas, mas se vive uma grande solidão. O “eu” vai se afirmando cada vez mais; o ser humano vive na grande cidade em meio de tantas pessoas, mas a solidão tornou-se uma experiência que toca o coração humano. O deserto não é tempo definitivo, ele é passagem. É no deserto que caem os fracos, os despreparados, mas é também no deserto que é forjado o coração do homem de Deus. No deserto se experimenta a precariedade, a fragilidade da vida e se aprende a experimentar e a viver do essencial. O essencial é aquilo, ou melhor, Aquele que dá sentido à vida, à existência: Deus. O deserto é assim, para cada um de nós, o lugar da possibilidade, o lugar de deixar o Espírito nos formar o coração e nos amadurecer.
O Evangelho nos apresenta, ainda, Jesus que é tentado por
satanás. O tentador já não é mais aquele que acusa o ser humano diante de Deus,
como no livro de Jó, mas é a personificação do mal. Ele tentará desviar Jesus
da sua missão até o fim, até na hora de sua morte de cruz. Mas Jesus, o Filho
de Deus, conduzido pelo Espirito, ao vencer o tentador, assume a sua missão
messiânica de Messias-Servo, sendo fiel ao projeto do Pai até o extremo, até a
morte de cruz.
Como contempladores do rosto de Cristo, deixemo-nos
conduzir pelo Espírito de Deus e vivamos os desertos de nossa vida e da
história como possibilidades de crescimento e de amadurecimento no nosso
caminho de discípulos missionários.'
PALAVRA DO
PASTOR
O
ESPÍRITO CONDUZIU JESUS PARA O DESERTO
Dom Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília – DF.
Em, 21 de fevereiro
de 2021
Ana Pinto de Miranda Bessa
À serviço
do Senhor!
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