'A primeira leitura deste domingo coloca diante de nós a realidade do sofrimento humano (Jo 7,1-4.6-7). A questão do sofrimento sempre inquietou o ser humano. Jó, no percurso do seu livro, sofre e se proclama justo. O sofrimento coloca diante do ser humano a sua fragilidade, a sua contingência. O ser humano que constrói, pesquisa, faz grandes descobertas, com a dor, o sofrimento, se depara com o mistério da sua fragilidade. A teologia reinante afirmava o sofrimento como fruto do pecado. Essa teologia é questionada e o livro mostra que Deus não é reduzível a simples esquemas humanos.
Essa mesma realidade do sofrimento está presente no Evangelho: Jesus cura a sogra de Pedro e, no final do dia, “curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios” (Mc 1,34). A cena da cura da sogra de Pedro se dá na casa de Simão e André. A cura se dá com o gesto de Jesus segurar-lhe a mão e ajudá-la a se levantar. Gesto presente também em outros milagres, mas que manifesta a profunda humanidade de Jesus. Jesus encontra aquela mulher em sua debilidade, em sua fragilidade. Ajudar alguém a se levantar é um gesto de profunda humanidade. Curada, a sogra de Pedro “começa a servi-los” (Mc 1,31). Ela é modelo para todos nós. Quem experimentou o amor de Jesus e foi por ele curado serve, faz da vida um dom de amor, um dom de serviço. O Evangelho apresenta Jesus que curou muitas outras pessoas de diversas doenças. Jesus tem compaixão, ele cura as pessoas de suas enfermidades. A atitude de Jesus diante de quem sofre não é de desprezo, mas ele as cura, as liberta.
Agora, o Evangelho apresenta Jesus que, de madrugada, vai
rezar num lugar deserto. Em vários momentos nos Evangelhos encontramos Jesus
rezando. Na oração, Jesus entra em profunda intimidade com o Pai, com o Abá. A
oração de Jesus revela a sua identidade, a sua consciência de Filho diante do
Pai. Não existe segmento autêntico de Jesus Cristo sem oração, pois a oração
nos faz tocar o mistério eterno do amor de Deus.
O Evangelho termina com os discípulos que vão à procura de
Jesus e lhe dizem: “todos estão te procurando” (Mc 1,37). Mas Jesus não se deixa
aprisionar pelas pessoas, ele manifesta uma consciência clara da sua missão e a
estatura de um pregador livre: “Vamos a outros lugares, às aldeias da
redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim” (Mc1,38).
Jesus é um mestre livre, que tem a consciência de que deve colocar em movimento
o Reino de Deus através de seus gestos, milagres e da sua pregação. Também o
discípulo é aquele que, seguindo Jesus, anuncia o Evangelho. Por isso, São
Paulo afirma: “Ai de mim se eu não pregar o Evangelho” (1Cor 9,16). Anunciar o
Evangelho é missão que a Igreja recebeu do Senhor e, por isso, a sua missão é
Evangelizar. São Paulo VI, afirma com toda força, na Evangelii Nuntiandi
(no.14): “Nós queremos confirmar, uma vez mais ainda, que a tarefa de
evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja”.'
PALAVRA DO PASTOR
JESUS DIANTE DO
SOFRIMENTO HUMANO
Dom Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília – DF.
Em, 07 de fevereiro de 2021
Ana Pinto de Miranda
Bessa
À serviço
do Senhor!
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