‘A Palavra de Deus deste quarto Domingo da Quaresma coloca diante de nós, no Evangelho, a imagem do Filho pródigo e do Pai misericordioso (Lc 15, 1-3. 11-32). Jesus conta esta parábola para justificar a sua atitude para com os publicanos e pecadores. Os publicanos e pecadores se aproximavam de Jesus. Os fariseus e mestres da Lei criticavam Jesus: “Esse homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles” (Lc 15, 2). Jesus é criticado porque come com os pecadores, porque os acolhe. Os mestres da Lei e fariseus têm uma atitude legalística: se escoram nos preceitos da Lei judaica e na sua observância. Fazendo isso, se fecham àqueles que estão afastados de Deus, que estão longe de Deus, que eram tidos como pecadores diante dos preceitos da Lei mosaica. Jesus, ao contrário, tem uma atitude de proximidade com os pecadores. Jesus condivide a mesa com eles. Essa atitude de Jesus escandalizava esses observantes rigorosos da Lei mosaica.
Por isso, no centro da parábola está o filho mais novo, que
sai de casa, gasta a sua herança com uma vida desenfreada e quando perde tudo,
quando se encontra no fundo do poço, relembra que os empregados na casa do Pai,
tem pão com fartura e decide voltar para casa. Sair de casa implica abandonar o
Pai e a vida da comunidade, que poderia ser aqui o judaísmo e para a comunidade
cristã, a Igreja. Mas este filho volta, ele ensaia o discurso de pedido de
perdão ao Pai. Quando retorna é desarmado pela atitude do Pai, que o avista,
corre abraça-o e o cobre de beijos. Depois lhe manda colocar a melhor túnica,
um anel no dedo e sandálias nos pés e manda matar um novilho gordo para fazer
festa. Festa porque recuperou o seu filho que estava morto e voltou à vida.
Esta é a atitude de Deus para com aqueles que se encontram mortos pelo pecado,
que abandonaram a casa do Pai, a Igreja. Deus é um Pai misericordioso que
sempre quer seus filhos e filhas ao redor da sua mesa.
Papa Francisco comenta: “A figura do pai da parábola revela
o coração de Deus. Ele é o Pai misericordioso que em Jesus nos ama além de
qualquer medida, espera sempre a nossa conversão todas as vezes que erramos;
aguarda a nossa volta quando nos afastamos d’Ele pensando que O podemos
dispensar; está sempre pronto a abrir-nos os seus braços independentemente do
que tiver acontecido. Como o pai do Evangelho, também Deus continua a
considerar-nos seus filhos quando nos perdemos, e vem ao nosso encontro com
ternura quando voltamos para Ele. E fala-nos com tanta bondade quando nós
pensamos que somos justos. Os erros que cometemos, mesmo se forem grandes, não
afetam a fidelidade do seu amor. Que no sacramento da Reconciliação possamos
voltar a partir sempre de novo: Ele acolhe-nos, restitui-nos a dignidade de
seus filhos e diz-nos: «Vai em frente! Fica em paz! Levanta-te, vai em frente!»”.
(Angelus, IV domingo da quaresma de 2016).
Que o encontro com este Evangelho, neste tempo da Quaresma,
nos ajude a percebermos que a misericórdia deve fazer parte da nossa vida. Quem
experimenta o amor misericordioso de Deus deve se tornar também, homem e mulher
da misericórdia.’
PALAVRA
DO PASTOR
O PAI MISERICORDIOSO
Dom Paulo Cezar
Costa
Arcebispo de Brasília – DF.
Em, 27 de março de 2022
Ana Pinto de Miranda Bessa
À serviço do Senhor!
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