12.2.15

TREM DE FERRO

   

Meu pai, Sebastião Bessa da Franca, era militar do Exercito Brasileiro. E como militar, não sei  se ainda é assim, toda vez que era promovido, era transferido. Foi assim, que quando ainda morávamos em São Paulo, onde nasci bem como mais dois irmãos, que inesperadamente -  sem saber exatamente porque, tinha 5/6 anos -,  fomos de mudança para Ipamerí, Goiás, onde minha mãe Dulce , nasceu, como também era e é, sede do 6º. Batalhão de Caçadores.
E como foi aquela mudança ? De trem de ferro...

E aí começa minha  fixação por estas máquinas maravilhosas. Foi na década de 40.
Lembro-me dos apitos, dos esforços da  máquina para puxar a composição, apitando nas curvas e aquele som característico das rodas dos vagões  sobre os trilhos nas emendas, ... teleco-teco...teleco-teco......teleco-teco....além de um balançar suave de um lado para o outro, que nos ajudava a dormitar, e fazer da viagem um prazer.

 .Depois de apitar insistentemente, avisando que ia chegar a alguma estação e quando a  adentrava , tocava um sino .....blem..blem...blem .., este, era para alertar aos prováveis passageiros que era perigoso aproximar-se da composição em movimento.
Lembro-me que  usamos três composições: Estrada de Ferro Paulista, Mogiana e por fim a Estrada de Ferro Goiás  que passava por Ipameri - Goiás, ponto final de nossa mudança.
 Foto - ao lado - da locomotiva em Ipameri, na década de 40.
                                                                                                                
Morar em Ipameri   foi ótimo para a minha idade, para minha infância onde guardo
lembranças inesquecíveis desta época. Mas isto é outra estória. Vamos falar de trem de ferro.

Toda vez que eu escutava o apito do trem de ferro saindo ou chegando da estação, me dava    aquela vontade de ir ver aquela máquina, o que era impedido - devido a pouca    idade que eu tinha - , e em obediência  às recomendações severas de minha mãe e do meu pai de não ir sozinho à estação. Mas fui levado para tanto, algumas vezes, pois minha mãe não tinha tempo. Meu pai, na hora que o trem passava, ele estava no quartel, cumprindo suas obrigações. Éramos 5 crianças necessitando de cuidados e atenções.

Depois de alguns anos morando em Ipamerí, eis o inesperado: promoção, transferência e guerra mundial. Transferência para Juiz de Fora, Minas Gerais, sede da 4ª. Região Militar, onde a especialidade de meu pai, rádio comunicação, era muito  solicitada.

A viagem para Juiz de Fora foi de  trem...oh que ótimo ! Fomos morar em Mariano Procópio, bairro de Juiz de Fora e sede da 4ª  Região. Mas o que tinha Mariano Procópio que me atraia?  Estação da Estrada de Ferro Central do Brasil !  Mas já com 10/11 anos, começava a rebeldia,  eu fugia sorrateiramente e ia para a estação assistir ao trem chegar e sair. Era lindo ver as locomotivas à vapor  a puxar  as composições com vários vagões , que as  tornavam longas, as vezes até com duas  locomotivas que para se movimentarem usavam de toda sua força, muitas vezes patinando sobre os trilhos, na hora da arrancada.

 Mas por que eu gostava tanto e ainda gosto das locomotivas a vapor das estradas de ferro? Porque elas são verdadeiras obras de arte, representam a força e pertencem  há uma época diferente da de hoje.

Arte, força e saudosismo, que me levam a admirar um artista plastico brasileiro, mas precisamente gaúcho, que nasceu em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, em 1928 e veio a falecer em 1990. Seu nome é Glauco Pinto de Moraes. Foto abaixo.

 Pintor, autodidata e advogado, mais pintor que advogado, que fez das locomotivas a vapor a  temática mais importante de sua obra  hiper-realista. Levou para a tela além das locomotivas  detalhes das mesmas, como os limpa- trilhos, pistões, engates, molas e outros.



                             O Artista Plástico Glauco Pinto de Morais , é citado com muita justiça, com um verbete no Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos, do MEC, edição de 1974. 

















Deixou de ser registrado naquele dicionário , as inúmeras e incontáveis exposições que participou, inclusive a Bienal de São Paulo de 1975 e 1979.

 A reprodução destes Quadros, é uma pequeníssima amostra de seu rico e imenso trabalho, que dedico 
aos admiradores das locomotivas à vapor e apreciadores da 
arte do pincel, que como eu, amam as Locomotivas e as Artes Plásticas.

Brasília-DF, 12 de fevereiro de 2015

Djalmir Bessa

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