Morávamos na Usina Ressaca, próxima a Cáceres – MT e o único
transporte viário na usina era um caminhão que levava a produção açucareira e aguardente
para os comerciantes na cidade.
Quando eu era criança, mamãe me contava histórias bíblicas,
que o irmão dela lhe contava, porque no início do século XX nas bandas da
fronteira de Cáceres com a Bolívia, onde moravam, o privilégio de aprendizado
era somente para os homens...
Uma das histórias que também me fascinava quando ela
contava, era a do Evangelho de hoje, narrado por Lucas: ‘Os pais de Jesus iam
todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Quando ele completou
doze anos, subiram para a festa, como de costume. Passados os dias da
Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem
que seus pais o notassem.
Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia
inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não
o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. Três dias
depois, o encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando
e fazendo perguntas.
Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência
e suas respostas. Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe
lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu
estávamos, angustiados, à tua procura”. Jesus respondeu: “Por que me
procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?” Eles, porém,
não compreenderam as palavras que lhes dissera. Jesus desceu então com seus
pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração
todas estas coisas.1 Lc 2,41-51
Lembrando desta história, um belo dia, aos dez anos de
idade, quando fomos à Cáceres, eu aprontei com a minha mãe: escondi dela para
não voltar, tendo em mente que como Jesus havia ficado em Jerusalém, eu poderia
ficar ... Crianças, ah, crianças...
O caminhão com as pessoas tinha hora marcada para voltar e
minha mãe precisava ir e penso que ela entendendo a minha rebeldia por não
voltar com ela, deve ter buscado ajuda para alguém me localizar, e assim
aconteceu...
Havia um telefone na casa do sócio-proprietário e médico Dr.
Gentil/ D.Branca – que era ponto de chegada e saída do caminhão - e
esse telefone se ligava com a usina e
penso que os contatos foram feitos para
acalmar a minha mãe e no dia seguinte, fui de carro “Baratinha da Ford", levada de volta para casa pelo casal...
Minha mãe era uma mulher bastante rigorosa e imaginei que me
esperavam além de umas palmadas nas pernas um castigo bem pesado, mas nada
disso aconteceu..
Adulta, casei-me com o Bessinha e temos uma filha
maravilhosa, casada, que nos deu por enquanto, um casal de netos, graças a Deus
! Quando ela era adolescente e ia para algum evento noturno com pais de coleguinhas –
ainda não existia celular – e passava da hora combinada de voltar, meu marido ficava
angustiado e eu me apegava a rezar Ave-Maria que me tranquilizava e logo depois
ela chegava e era acolhida com alegria, porque estava tudo bem...
Hoje, a Igreja do Senhor, faz memória do Imaculado Coração
de Maria, Mãe de Jesus e nossa, que ao ver Jesus no Templo, conversa com Ele,
mostrando-se angustiada mas não
indignada pela dura caminhada que empreenderam ela e José ...
A atitude doce e fraterna de Maria, assim como a da minha
mãe, me ensinou a ser compreensiva e amiga de minha filha quando me surpreendia
e ainda surpreende com atitudes inesperadas..., e essa compreensão, deve ser levada a
todos os acontecimentos em nossa vida.
‘Maria é a mulher que guarda no coração as palavras do
Senhor. É a morado do Espírito Santo, sede da sabedoria, imagem e modelo da
Igreja que escuta e testemunha o Senhor.
Ela participa do mistério da encarnação como fiel discípula e modelo de
discipulado.’
‘Com Maria reconheçamos que o Senhor é quem faz germinar a justiça,
espalhando sua glória entre as nações, e aprendamos a ser obedientes a Ele,
cultivando no coração seus ensinamentos’. Liturgia
A Igreja do Senhor, também faz memória de Santo Antônio de Pádua.
Imaculado Coração de Maria e Santo Antônio de Pádua, rogai a
Deus por nós!
Brasília-DF.,
13 de junho de 2015
Ana Miranda Bessa
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