'O trecho do Evangelho segundo Marcos, proclamado nas missas
de hoje, nos apresenta duas breves parábolas acerca do Reino. Jesus compara o
Reino de Deus à semente que “vai germinando e crescendo” até produzir frutos, sem
que o semeador saiba como isso acontece
(Mc 4,27). Deste modo, ele ressalta a
força e o dinamismo da própria semente, independente da ação humana. O
Reino se expande pela força de Deus.
Jesus também compara o Reino de Deus ao
“grão de mostarda”, planta que não se confunde com a verdura que conhecemos. A
sua semente era considerada pelo povo a menor de todas, mas que depois se
tornava uma das maiores árvores daquela região. O acento sobre a pequenez da
semente contrasta com as ideias de grandeza e glória terrenas, atribuídas ao
Reino de Deus por muitos, naquele tempo e ainda hoje. Na atual cultura, em que
se valoriza o que é grandioso e espetacular, é preciso redescobrir o amor de
Deus manifestado na simplicidade da vida cotidiana. Ao contrário, deixamos de
discernir e acolher os sinais do Reino presente entre nós. Apenas os
“pequeninos” foram capazes de compreender e aceitar a boa nova do Reino, e não
os que se achavam sábios e poderosos (Lc 10,21). Além disso, a referência aos
grandes ramos estendidos, capazes de abrigar os pássaros do céu nos faz pensar
na universalidade do Reino, aberto a todos e não restrito a alguns.
Ao rezar o “Pai Nosso”, nós sempre pedimos “venha a nós o
vosso Reino”! Assim fazemos, porque sabemos que o Reino é dom, deve ser
entendido na perspectiva da graça. Ao mesmo tempo, a acolhida desse dom se
expressa através do louvor e da atuação responsável dos cristãos na história.
São Paulo nos recorda que “somos peregrinos” (2Cor 5,6) que caminham na fé,
rumo à morada eterna, junto do Senhor. Ao mesmo tempo, nos motiva a viver
com responsabilidade a nossa vida neste mundo, pois deveremos prestar contas a
Deus da nossa peregrinação.
Nos dias 14 a 21 de junho, realiza-se a Semana Nacional do
Migrante, neste ano, com o tema “Sociedade e Migração” e o lema “Não ao
preconceito, por direitos e participação”, em sintonia com a Campanha da
Fraternidade. Brasília foi edificada por migrantes procedentes de todas as
partes do Brasil, que continuam a formar a maior parte da sua população. Somos
convidados a rezar e a refletir sobre a realidade dos nossos migrantes, assim
como dos imigrantes dos diversos países, desenvolvendo ações pessoais e
comunitárias de acolhida fraterna, solidariedade e respeito. O Pai ama a todos
como seus filhos e nos quer amando a todos como irmãos. O dom do Reino de Deus
é oferecido a todos!'
A PALAVRA DO PASTOR
O REINO DE DEUS
Dom Sérgio da Rocha
Arcebispo de Brasília – DF
Em, 14 de junho de 2015
Ana Miranda Bessa
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