'Neste vigésimo domingo comum, temos diante de nós Jesus Cristo e seu Evangelho que não nos deixam na indiferença (Lc 12, 49 – 53), pois ele veio para lançar fogo sobre a terra. Talvez a imagem do fogo nos assuste, mas Jesus quer dizer que diante dele e da sua Palavra não se pode ficar indiferente. Papa Francisco, comentando este Evangelho, diz: “Jesus adverte os seus discípulos de que chegou o momento de tomar uma decisão. A sua vinda ao mundo coincide com o tempo das escolhas decisivas: a opção pelo Evangelho não pode ser adiada. E para que esta chamada seja compreendida melhor, ele serve-se da imagem do fogo que ele mesmo veio trazer a terra. Ele diz: «Eu vim lançar fogo sobre a terra; e como gostaria que ele já se tivesse ateado!» (v. 49). Estas palavras pretendem ajudar os discípulos a abandonar toda atitude de preguiça, apatia, indiferença e fechamento para acolher o fogo do amor de Deus, aquele amor que, como recorda São Paulo, «foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo» (Rm 5, 5). Porque é o Espírito Santo que nos faz amar a Deus e amar o próximo; é o Espírito Santo que todos nós temos dentro de nós” (Papa Francisco, Angelus, 18 de agosto de 2019).
Jesus deve receber um batismo e está ansioso até que se
cumpra (Lc 12, 50). O batismo é a sua morte que deve acontecer em Jerusalém. A
ânsia de Jesus é a realização da vontade do Pai, para isso ele veio. Ele deve
dar a vida pela nossa salvação.
Com ele chegou o juízo de Deus. Juízo com misericórdia e
amor, mas que nos tira da indiferença. Nele se realiza este juízo, por isso,
diante dele é impossível ter uma atitude neutra, uma atitude de indiferença.
Jesus censurou esta atitude nos seus contemporâneos. O Israel do tempo de Jesus
foi chamado a perceber que estava alguém no meio dos homens, Jesus Cristo, o
Filho de Deus, diante do qual não era possível a indiferença. O seu seguimento
exige radicalidade e coerência, pois o encontro com Jesus trás sentido e
realização à existência. Quem O encontrou verdadeiramente não fica na
indiferença. Nas origens da Igreja, no cristianismo primitivo, tanta gente
sofreu por causa do nome de Jesus, tanta gente viu esta realidade da divisão
tocar a sua porta, a sua vida, a vida de sua família. Ainda hoje, há tanta
gente que vive o sofrimento e a divisão por causa da sua adesão e da sua
fidelidade a Jesus Cristo e à sua Palavra.
Não devemos ter medo da divisão por causa da fidelidade a
Jesus e ao seu Evangelho. Devemos ter medo de posturas de indiferença que
manifestam um coração frio e tíbio. Na corrida da fé é preciso perseverança,
como nos exorta a epístola aos Hebreus: “Empenhemo-nos com perseverança, com os
olhos fixos em Jesus Cristo, que em nós começa e completa a obra da fé” (Hb 12,
1-2). Ele suportou a cruz, a infâmia e assentou-se à direita do Pai. Cristo
sofreu na sua fidelidade ao Pai. O caminho de Cristo é, também, do cristão. O
cristão é aquele que, ancorado em Cristo, olhando para Cristo, vai trilhando o
caminho da fé e suporta até sofrimentos, incompreensões por causa de Jesus
Cristo, em fidelidade a Ele.’
PALAVRA DO
PASTOR
EU VIM TRAZER FOGO
SOBRE A TERRA
Dom Paulo Cezar Costa
Arcebispo
de Brasília – DF.
Em, 14 de agosto de 2022
Ana Pinto de Miranda Bessa
À serviço do Senhor!
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