‘A primeira leitura da liturgia de hoje e o Evangelho estão em profunda relação, pois nos apresentam duas realidades centrais para a vida do judeu piedoso daquele tempo: a Lei e o Templo. O Templo foi destruído no ano 70 d.C... Nunca mais foi reconstruído e tomou uma dimensão nova para os cristãos. A Lei permanece o grande Código que guia a nossa vida de discípulos de Jesus Cristo. Na origem do Decálogo está o amor gratuito de Deus, que elegeu Israel, constituiu-o como seu povo e quer estabelecer com ele uma relação de amor. Por isso, o Decálogo se inicia com a afirmação: “Eu sou Iahweh, teu Deus, que te fez sair da casa da terra do Egito, da casa da escravidão” (Ex 20,2). O Decálogo é a condição para a aliança. O Decálogo acha-se conservado, na Sagrada Escritura, em duas redações (Êx 20,2-17; Dt 5,6-21); o texto da liturgia deste terceiro Domingo da Quaresma é a versão do livro do Êxodo. As dez palavras estão inseridas no contexto da teofania do Horeb. O Decálogo é, assim, para Israel, a condição de fidelidade à aliança. Israel sabe que está sendo fiel à aliança com Iahweh mediante os Mandamentos. A Lei não é, assim, um peso, mas é fruto do amor de Javé pelo seu povo, e foi dada ao povo para que, observando-a, ele permaneça livre e não caia na idolatria.
O Templo era sinal da presença de Deus no meio do povo. Todo judeu piedoso tinha uma profunda veneração pelo Templo. Era um sinal forte da memória para Israel. Jesus cumpriu um gesto emblemático, quando expulsa os vendilhões do Templo e diz: “(...) não façais da casa de meu Pai uma casa de comercio”. O comercio fazia parte da vida do Templo, pois lá se trocavam as moedas, se vendiam os animais que eram oferecidos etc. Jesus vai contra a atitude de deturpação do templo, pois, para ele o Templo é a casa do Pai, não é lugar de comércio, de trocas. Mas Jesus remete a algo mais, remete ao Templo do seu Corpo: “Destruí este santuário, e em três dias eu o levantarei” (Jo 2,19). Havia, no tempo de Jesus, toda uma expectativa de renovação escatológica do Templo; e Jesus mostra que Nele se dá essa renovação do Templo. Jesus Cristo é agora o lugar do verdadeiro culto a Deus. O Corpo glorioso de Cristo crucificado e ressuscitado é, agora, o lugar do encontro com Deus. Nele se dá o culto em Espírito e Verdade. A Samaritana, que perguntava onde deve-se adorar a Deus - se no monte Garizim ou em Jerusalém - aqui está a resposta: a adoração a Deus, em Espirito e verdade, se dá em Jesus Cristo, morto e ressuscitado.
Por isso, Jesus Cristo é o centro de nossas vidas e do
nosso anúncio. São Paulo afirma: “Os Judeus pedem sinais, os gregos andam em
busca de sabedoria; nós, porém, anunciamos Jesus Cristo crucificado, que para
os judeus é escândalo, para os gregos é loucura...” (1Cor 1,24). É a experiência
do amor de Cristo, que continua se dando a nós hoje, que se deixa encontrar por
nós na Palavra, na Eucaristia, nos sacramentos, na oração, no irmão; que vai
nos sustentando na luta cotidiana da nossa vida e nos fazendo viver os
Mandamentos como resposta de amor Àquele que nos amou primeiro.
PALAVRA DO PASTOR
A LEI E O
TEMPLO
Dom Paulo Cezar Costa
Arcebispo de
Brasília – DF.
Em, 07 de março de
2021
Ana Pinto de Miranda
Bessa
À
serviço do Senhor!
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