'O Evangelho deste domingo (Mc 6,30–34) apresenta o retorno dos doze discípulos após terem cumprido a missão que Jesus lhes dera. Por primeiro, eles narram para Jesus tudo o que tinham feito e ensinado. Tinham cumprido a missão. Aquela, talvez, para eles, tenha sido a grande primeira experiência missionária. Serão eles que levarão adiante a missão após a ascensão do Senhor e o envio do Espírito Santo.
Jesus os chama para um lugar deserto, para descansarem um
pouco: “Vinde vós, sozinhos, a um lugar deserto e descansai um pouco” (Mc 6,31). A expressão kat`idian – para um lugar à parte (que foi traduzida
para o português simplesmente por um lugar deserto e que no texto aparece duas
vezes) quer enfatizar a intimidade que se estabelece entre Jesus e Seus
discípulos. Quando ensinava a multidão, em parábolas, depois kat`idian (Mc
4,34), à parte explicava tudo para os discípulos. Este elemento expressa o
motivo central da constituição dos doze: “… para que ficassem com ele, para
enviá-los a pregar” (M. Grilli, In Ascolto della Voce, 179). É este o
elemento central da vida de todos os discípulos e discípulas de Jesus Cristo:
estar com Ele. É no estar com Jesus que se vai formando a personalidade do
discípulo, que o discípulo(a) vai sendo plasmado segundo o coração de Cristo.
É no estar com Jesus que se formam os pastores do Povo de Deus, pastores que
serão presença do Pastor Bom e Belo: Jesus Cristo.
Assim que desembarcou, Jesus viu uma grande multidão e
ficou tomado de compaixão por eles, pois estavam como ovelhas sem pastor (Mc 6,34). Jesus é o Bom Pastor que não é indiferente à multidão. Ele tem
compaixão da multidão. A compaixão é expressa com a palavra grega Splanchna,
substantivo usado quase sempre no plural, e denota as partes interiores dos homens
e animais (as vísceras); com relação a uma mulher, refere-se ao útero materno.
Assim, splanchnizomai, ou ter compaixão, descreve um sentimento que vem do
profundo do ser. A compaixão é um sentimento que vem das entranhas de Deus, de
Jesus. É este amor, que vem do mais profundo do Seu ser, que fez Jesus agir no
decorrer do seu ministério. “A sua pessoa não é senão amor, um amor que se dá
gratuitamente. O seu relacionamento com as pessoas, que se abeiram d’Ele,
manifesta algo de único e irrepetível. Os sinais que realiza, sobretudo para
com os pecadores, as pessoas pobres, marginalizadas, doentes e atribuladas,
decorrem sob o signo da misericórdia. Tudo n’Ele fala de misericórdia. N’Ele,
nada há que seja desprovido de compaixão.” (Misericordiae Vultus,8). E é
a compaixão que leva Jesus a ensinar a multidão.
Jesus é o pastor segundo o coração de Deus, descrito pelo
profeta Jeremias: “suscitarei para elas novos pastores que as apascentem; não
sofrerão mais o medo e a angústia, nenhuma delas se perderá…” (Jr 23,4ss). Que
este texto, lido nas nossas celebrações, neste domingo, leve cada um de nós,
que temos responsabilidade diante do nosso povo, a nos perguntarmos: que tipo
de pastor estou sendo? Estou fazendo como Jesus, não sendo indiferente diante
dos sofrimentos da multidão, ou não me importo com as pessoas, com os seus
sofrimentos?’
PALAVRA DO
PASTOR
COMPAIXÃO, SENTIMENTO QUE MOVE AS AÇÕES DE JESUS CRISTO
Dom Paulo
Cezar Costa
Arcebispo de Brasília – DF.
Em, 18 de julho de
2021
Ana Pinto de Miranda Bessa
À serviço do
Senhor!
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