'A Palavra de Deus deste 28º Domingo do Tempo Comum, coloca diante de nós a realidade de leprosos que são curados: Naamã, o sírio, que foi curado por Eliseu e dez leprosos que foram curados por Jesus – Lc 17,11-19. A lepra, segundo a Lei mosaica, era uma impureza contagiosa, por isso o leproso era excluído da comunidade até a sua purificação. Diz o Levítico: “O leproso portador desta enfermidade trará suas vestes rasgadas e seus cabelos desgrenhados; cobrirá o bigode e clamará: impuro! Impuro! Enquanto durar a sua enfermidade, ficará impuro e, estando impuro, morará à parte: sua habitação será fora do acampamento” – Lv13,45-46. Um Israelita observante da Lei não entraria em contato com um leproso por temor de contrair a impureza. A Lei proibia tocar numa pessoa impura – Lv 5,5, pois o contato transmitia a impureza – Nm 5,2: J. Mateos & F. CAMACHO, O Evangelho de Mateus,89. Jesus agia com absoluta liberdade diante dos preceitos da Lei, pois os Evangelhos narram dois encontros de Jesus com leprosos, nos quais Ele os toca – Mc 1,40-45; Lc 17,12-14.
Mas o elemento central dos textos de hoje é a atitude
daqueles que foram curados: Naamã, curado, leva a terra que dois jumentos podem
carregar, pois começará a oferecer sacrifícios somente para o Deus de Israel. E
a atitude dos dez leprosos que curados, nove continuam o seu caminho, mas um
volta para agradecer, e este era um samaritano.
A cura nasce da compaixão de Jesus. Eles pararam à
distância e gritaram: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós”. A cura nasce do
amor de Jesus que não é indiferente diante das necessidades dos seres humanos,
diante da nossa fragilidade, diante da nossa necessidade. Claro que há a fé
destes leprosos, pois se pedem a compaixão de Jesus é porque creem que ele pode
curá-los. Mas o Evangelho se detém na atitude daquele que “voltou glorificando
a Deus em alta voz; atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e lhe
agradeceu” – Lc 17,16. Este é alguém que reconhece o que Deus fez por ele, por
isso glorifica, reconhece a grandeza de Deus, reconhece que Deus se prostrou
diante da sua situação, veio ao encontro da sua miséria, da sua lepra e lhe
curou. Prostra-se aos pés de Jesus, isto é, reconhece a divindade de Jesus. Ele
agradece, ou seja, reconhece o que Jesus fez por ele. O texto diz que este
curado era um samaritano alguém que era tido como estrangeiro diante dos
judeus, mas é ele que volta para agradecer. Além disso, sua atitude ainda
mostra algo mais: alguém que curado não para somente do milagre, mas estabelece
um relacionamento pessoal com Aquele que o curou. Aí está a sua salvação. A
Palavra final de Jesus será: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”. Agora, não
estamos mais somente no plano da cura, mas na adesão a Jesus. O reconhecimento,
a gratidão o conduz à fé em Jesus. É isto que o salva. O fundamento da salvação
não está só no poder de curar de Jesus, mas no seguir Jesus, estabelecendo um
relacionamento pessoal com Ele. Que a atitude deste leproso nos inspire no
nosso caminho de fé.’
PALAVRA
DO PASTOR
A ATITUDE DE GRATIDÃO DIANTE DO QUE DEUS FAZ
Dom
Paulo Cezar Costa
Cardeal Arcebispo de Brasília – DF.
Em, 09 de outubro
de 2022
Ana Pinto de
Miranda Bessa
À serviço
do Senhor!
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