'Com as primeiras Vésperas deste Domingo, começa o tempo do Advento e se abre o novo ano litúrgico. Neste ano, os nossos domingos serão iluminados pelo Evangelista Marcos. A Liturgia deste tempo nos coloca diante dos olhos os três adventos do Senhor. O primeiro advento – que celebramos como memorial e com ação de graças – é a sua vinda na humildade da carne como cumprimento de todas as promessas da Antiga Aliança. O segundo advento – que celebramos vigilantes na esperança da plena realização – é a parusia, o retorno de Jesus cercado da glória dos anjos. Mas também há um terceiro advento, uma vinda que acontece sem cessar entre o primeiro e o segundo: trata-se da quotidiana visita que o Senhor nos faz quando nos abrimos à Sua graça. Com esta nos tornamos capazes de celebrar a presença viva do Verbo de Deus humanado, vivendo na história como filhos da luz e aguardando vigilantes o Senhor que virá “como um ladrão” para julgar os vivos e os mortos.
A primeira leitura, extraída do Profeta Isaías (63,16–64,7), reconhecendo a triste situação em que se encontra Israel como justo castigo pelos pecados, o profeta explicita em forma de queixa coletiva a esperança do povo. Esta esperança tem fundamento na lembrança dos imensos benefícios realizados na história de Israel. Não foge ao profeta a impossibilidade de se voltar a Deus se Ele mesmo não tomar a iniciativa de se voltar para o Seu povo mediante o perdão e a misericórdia. Daí a súplica de Israel: “Ah! Se rompesses os céus e descesses!” (Is 63,19). E aqui a profecia aponta para a vinda do servo, do messias: “Vens ao encontro de quem pratica a justiça com alegria, de quem se lembra de ti em teus caminhos!” (Is. 64,4).
A súplica do povo eleito aparece no salmo que invoca Deus
como Pastor de Israel (Sl 79): “Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos! Vós que
sobre os querubins vos assentais, aparecei cheio de glória e esplendor!” (Sl
79,2).
Com a vinda de Jesus na humildade da carne, no ventre
santíssimo da Virgem Maria, se realizam e superam as expectativas de Israel.
Não apenas um enviado do Senhor, mas o próprio Verbo de Deus, a segunda Pessoa
da Santíssima Trindade entra na história e passa a vida fazendo o bem. Ao
passar pelo mistério da Cruz e Ressurreição, Jesus vai ao Céu prometendo voltar
cercado de glória e esplendor para julgar os vivos e os mortos. O convite da
liturgia toda do advento é que vivamos a esperança na vigilância: “Vigiai,
portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite,
de madrugada ou ao amanhecer!” (Mc 13,35).
O Apóstolo dos gentios, escrevendo aos irmãos de Corinto,
assegura-lhes a eles e a nós que da parte do Senhor nada nos falta para
perseverarmos até a vinda do Senhor. “É ele que vos dará perseverança em vosso
procedimento irrepreensível, até ao fim, até ao dia de nosso Senhor Jesus
Cristo” (1Cor 1,8).
Confiemos nossa peregrinação neste novo ano litúrgico
àquela que diz: “Faça-se”, cumpra-se em mim segundo a tua palavra.’
VIGIAI!
Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
Bispo Auxiliar de Brasília – DF.
Em, 29 de novembro de 2020
Ana Pinto de Miranda Bessa
À serviço
do Senhor!
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