‘Neste quarto domingo da Páscoa, celebramos o domingo do bom Pastor e a Jornada Mundial de Oração pelas vocações sacerdotais e religiosas. O Evangelho nos apresenta Cristo, o bom Pastor. A imagem do pastor existe desde o Antigo Testamento e expressa o relacionamento de Deus com o Seu povo, como lemos em Ezequiel 34,11-31 e no Salmo 22. Em Ezequiel, o próprio Deus cumpre a tarefa de ser pastor num momento crítico do rebanho. Já no Êxodo, Deus se apresenta como Aquele que reúne, retira e conduz o Seu povo. Deus faz com Seu povo aquilo que não fizeram os maus pastores. A imagem do pastor, Jesus a aplica a Si: “Eu sou o bom Pastor” (v.11). O adjetivo kalós caracteriza Jesus do ponto de vista daquilo que Ele traz para os homens, ou seja, os bens messiânicos. Jesus é o bom Pastor porque dá a vida por Suas ovelhas e estabelece com elas uma relação nova de conhecimento recíproco, de amor.
"O bom pastor dá a vida por suas ovelhas". Jesus entrega a Sua vida para poder retomá-la livremente. Ele dá a vida pela salvação das
ovelhas e, por isso, em muitos textos, a morte de Jesus vem apresentada como
manifestação do amor do Pai, e também do amor de Jesus. “Nisto conhecemos o
amor: Ele deu a sua vida por nós”. Tem-se aqui uma grandiosíssima riqueza
teológica. Cristo, bom Pastor, dá a vida livremente pelas suas ovelhas, cumpre
um ato messiânico e manifesta, ao mesmo tempo, o amor do Pai por nós. Se o Pai
ama o Filho, é porque Ele dá a vida para depois retomá-la, levando a termo a
obra da salvação. A missão do pastor é dar a vida. O Filho dá a vida e a
retoma. A obra da salvação cumprida por Jesus Cristo-Pastor se apresenta a nós
como uma grande revelação do amor do Pai, que encontramos nesta estupenda
afirmação da teologia de São João: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que
amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e enviou-nos o seu Filho como vítima
de expiação pelos nossos pecados”. (1Jo 4,10).
O evangelho faz o contraste entre o pastor e o mercenário.
O pastor é bom, dá a vida pelas ovelhas, conhece as ovelhas pelo nome e a
ovelhas o conhecem. O mercenário não é pastor, as ovelhas não lhe pertencem, e
quando o lobo se aproxima, abandona as ovelhas e foge. O lobo, então, as
arrebata e dispersa, não se importando com as ovelhas. O conhecimento entre
Jesus e as suas ovelhas não é um conhecimento simplesmente de natureza
psicológica, intelectual ou do tipo mestre e aluno. O conhecimento encontra a sua
fonte na relação recíproca de Jesus com o Pai. "Vivendo em comunhão com Jesus,
com aquilo que há de mais profundo Nele, os cristãos estão em comunhão com o
Filho de Deus e, por isso mesmo, entram naquela comunhão vital que une o Filho e
o Pai, tornando-os filhos de Deus. A comunhão que une as ovelhas a Jesus é da
mesma natureza daquela que O une ao Pai" (Ignace De La Potterie, Studi di
Cristologia Giovannea).
Neste domingo, renovemos o nosso compromisso de rezar pelas
vocações sacerdotais e religiosas. Percebamos que a vida cristã é um caminho de
amor, onde respondemos com amor a Cristo, Pastor Bom e Belo, que nos amou a
ponto de dar por nós a própria vida.'
PALAVRA DO PASTOR
EU SOU O BOM PASTOR
Dom Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília – DF.
Em, 25 de abril de 2021
Ana Pinto de Miranda Bessa
À serviço do
Senhor!
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