‘O Evangelho de hoje narra a última aparição do Ressuscitado aos discípulos. No início, os discípulos estão cheios de sentimentos de espanto e temor, mas depois se transformam em alegria. Uma evolução semelhante àquela dos discípulos de Emaús como consequência da conversa com Jesus: a tristeza inicial, que os fez afastarem dos onze, é transformada em entusiasmo e os faz retornar ao grupo para narrar aquilo que aconteceu. O fato de sublinhar que a dúvida foi superada quer mostrar as testemunhas oficiais da ressureição não como vítimas de um entusiasmo passageiro, mas convencidas de sua experiência. Os apóstolos vencem a dúvida graças à manifestação de Jesus que Se apresenta diante deles. A realidade física e o comer não são apresentados como provas da ressureição. Tudo tende a sustentar a experiência objetiva dos discípulos, de modo que esta os converta em testemunhas, garantes das mensagens que vão proclamar. No livro dos Atos, acena-se a esta experiência para assegurar a credibilidade das testemunhas (At 1,4; 10,41).
Os versículos 44-45 fazem eco, em primeiro lugar, às palavras de Jesus, durante a sua vida com os apóstolos, com as quais acenava ao cumprimento das Escrituras em tudo aquilo que se referia a Ele. É um tema presente em todo o Evangelho: na sinagoga de Nazaré (Lc 4,21); nas predições da paixão (Lc 9,27;17,25); no terceiro anúncio da paixão (Lc 18,31-33). O diálogo com Moisés e Elias, durante a transfiguração, falam sobre o êxodo de Jesus (Lc 9,31). Na última ceia, Jesus afirma que é preciso que se cumpra nEle aquilo que está escrito (Lc 22,37). Tais ensinamentos vêm comunicados com termos muito semelhantes aos dos discípulos de Emaús (Lc 24,26-27). Esta realidade ilumina os discípulos não só com a exegese feita por Jesus, mas também pela luz mesma do acontecimento da ressureição. A falta desta inteligência para com a Escrituras tinha caracterizado a atitude dos discípulos (Lc 9,45;18,34). Agora, a experiência pascal da ressureição abre a mente a fim de que compreendam o significado das Escrituras.
Os versículos 46 a 48
retomam de novo o ensinamento da Sagrada Escritura no que se refere à morte e
ressureição de Cristo, com a pregação no Seu nome e a conversão para a remissão
dos pecados, tudo isto começando por Jerusalém (47). Assim, o programa descrito
no livro dos Atos dos Apóstolos vem ancorado pela própria Escritura. Junto com
o tema da crucifixão e da exaltação de Jesus, os discípulos falam do perdão dos
pecados. Os apóstolos começaram a atividade missionária em Jerusalém, levando
esta mensagem de salvação a todos os povos. Este programa teve inicio no
ministério de Jesus. Assim como nEle são cumpridas a morte e a ressureição
predita nas Escrituras, é sempre Ele quem inicia a pregação da conversão para a
remissão dos pecados (5,32). Jerusalém ocupa um lugar central no Evangelho,
lugar onde a obra da salvação chega à plenitude (9,31) e da qual será estendida
a todos os povos, pois a todos é dirigida a sua orientação universal
(2,31-32;3,6). O último elemento é a missão apostólica que Jesus dá aos
discípulos, os quais devem ser testemunhas de tudo isso. Ontem foram eles, hoje
somos nós que devemos levar adiante o anúncio e o testemunho de Jesus Cristo.’
PALAVRA DO PASTOR
VÓS SEREIS TESTEMUNHAS DISSO
Dom Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília – DF.
Em, 18 de
abril de 2021
Ana Pinto de Miranda Bessa
À serviço do Senhor!
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