‘Hoje Jesus nos apresenta o imperativo do amor: “Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13, 34). É o dever do amor que existe entre nós. Mais do que dever, é o imperativo do amor. Não há verdadeiro cristianismo sem amor. O grande perigo da nossa vida é irmos criando um cristianismo esquizofrênico, em que se odeia, mata, faz-se guerra e, no dia seguinte, está-se participando das celebrações litúrgicas como se nada tivesse acontecido. A grande denúncia dos profetas no Antigo Testamento e a grande discussão de Jesus com os fariseus, no fundo, está nesta esquizofrenia, neste pregar uma coisa e viver outra, ou seja, nesta dissociação entre fé e vida. A religião é um sentimentalismo desvinculado da vida, das atitudes concretas da vida do dia a dia. A verdadeira fé, ao contrário, ilumina as pequenas e grandes atitudes da vida.
O amor é uma realidade exigente na vida humana,
principalmente numa sociedade marcada pela subjetividade acirrada onde é o ‘eu’
que se coloca em primeiro lugar, onde vai se perdendo a dimensão da doação da
vida, de se sacrificar pelo outro, pela outra. “Chamo amor aquela experiência
intensa, inesquecível e inconfundível que se pode fazer somente no encontro com
outra pessoa” (Carlo Maria Martini, Dizionario Spirituale, 12). O amor
supõe sempre uma outra pessoa e se atua num encontro concreto. O amor implica
sempre a capacidade de sair de si em direção do outro, da outra pessoa, onde se
encontram, trocam-se os dons (materiais e espirituais), que são parciais, mas
que são símbolos do dom de uma pessoa a outra pessoa.
O amor que Jesus nos propõe é mais exigente, pois é o amor
na sua gratuidade, o amor ágape: ama-se gratuitamente, sem esperar nada em
troca. É claro que esta gratuidade do amor é precedida pela experiência de
primeiro se ser encontrado pelo amor de Deus. Quem foi encontrado pelo amor de
Deus fez a experiência de se sentir amado por Deus e se coloca na experiência
do amor. O colocar-se na escola do amor é facilitado quando se cresce
experimentando o amor na família, no convívio com os amigos, na escola, na
Igreja etc., ou seja, no ambiente em que se cresce experimentando e vivenciando
o amor. Mas a medida que Jesus coloca para o cristão é exigente: “(…) como eu
vos amei”. Este ‘como’ só pode ser percebido quando se contempla a cruz de
Jesus. Ali está o extremo do amor. “Não há maior amor do que dar a vida pelos
amigos” e Jesus nos amou a ponto de dar a vida por nós. Este é o extremo do
amor, é a medida alta do amor cristão. É o amor que toma forma concreta na
nossa capacidade de se fazer dom nas pequenas e grandes atitudes do dia a dia
diante de pessoas que não conhecemos, mas que são encontradas, acolhidas e
amadas por nós.
Esta realidade se faz presente na vida de nossas
comunidades onde tanta gente se doa gratuitamente nas pastorais, nos
movimentos, visitando os doentes, os encarcerados, ajudando os pobres e
necessitados, sendo dom na cozinha em nossas festas, contribuindo com a
manutenção da vida da comunidade através do dízimo etc. É o amor de vai
construindo história na vida de nossas comunidades e da nossa sociedade.’
PALAVRA
DO PASTOR
NISTO CONHECERÃO QUE SOIS MEUS DISCÍPULOS
Dom Paulo Cesar Costa
Arcebispo de Brasília – DF.
Em,15 de maio de 2022
Ana Pinto de Miranda Bessa
À serviço do Senhor!
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