' A palavra de Deus, neste domingo, coloca diante de nós a vocação originária do projeto de Deus para o matrimônio. Alguns fariseus querem colocar Jesus à prova e Lhe perguntam: é licito ao homem divorciar-se de sua mulher? Qual era a situação do divórcio no tempo de Jesus? A Tôrah sobre este ponto era clara: um marido pode repudiar a mulher (Dt 24,1-4). Mas a situação de Israel sobre este ponto é mais complexa. A prática normal se coloca sobre esta linha de permitir o divórcio, como atestam as escolas de Shammai e de Hillel, que divergem somente sobre a motivação do divórcio (m. Ghit. 9,10). Mas a existência de um matrimônio indissolúvel é atestada em Qumran, não somente uma vez (CD 4,20-5,5; 11Qt 57,17-18); e em Ghit 90b, onde se lê: “quando um homem repudia a sua primeira mulher, também o altar derrama lágrimas por ela”.
Jesus se opõe explicitamente à tradição da prática do
divórcio (Mc 10,2-12; Mt 19,3-9; Mt 5,31s; Lc 16,18) e há também a confirmação
independente de Paulo (1Cor 7,10-11). A posição de Jesus não trata somente de
um rigor maior no interno de um sistema indiscutível, mas de uma verdadeira e própria
proibição positiva: a pergunta formulada pelos fariseus (Mc 10,2 «ei éxestin…,
«É lícito…?») tem uma conotação jurídica, e a resposta implica uma verdadeira
oposição ao texto legal do Deuteronômio. A solução que Jesus anuncia jamais
fora considerada por outro doutor da época. Jesus retorna ao projeto original
do Criador onde, no início, Deus fez o homem e a mulher. “Por isso, o homem
deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois,
mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!” (Mc 10, 7-9).
É neste projeto criador original que se deve fundamentar toda escolha de vida
matrimonial cristã. No projeto original de Deus, está um ideal de doação
limpidamente totalizante, que não pode ser abolido por uma permissão
introduzida por causa da dureza dos corações. Jesus aboliu a concessão feita no
tempo da dureza do coração e restituiu a vontade originária do Criador. Por
isso, afirma o Papa Francisco: “(…) a aliança esponsal, inaugurada na criação e
revelada na história da salvação, recebe a revelação plena do seu significado
em Cristo e na Igreja, e a graça necessária para testemunhar o amor de Deus e
viver a vida de comunhão. O Evangelho da família atravessa a história do mundo
desde a criação do homem à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26-27) até a
realização do mistério da Aliança em Cristo, no fim dos séculos, com as núpcias
do Cordeiro (cf. Ap 19, 9)” (Papa Francisco, Amoris Laetitia, 63).
Que esta Palavra de Deus nos ajude percebermos a beleza do
matrimônio e da família no projeto de Deus. Que ela inspire todos os agentes
das pastorais e dos movimentos ligados à família a proclamarem a beleza da
família no projeto salvífico de Deus. A beleza do projeto de Deus deve nos
ajudar, também, a não desprezar os casais feridos em sua vida conjugal, mas a
acolhê-los, acompanhá-los e integrá-los. Sejamos missionários da beleza da
família no projeto salvífico de Deus.’
PALAVRA DO PASTOR
DEUS OS FEZ HOMEM E MULHER
Dom Paulo
Cezar Costa
Arcebispo de
Brasília – DF.
Em, 03 de outubro
de 2021
Ana Pinto de Miranda
Bessa
À serviço
do Senhor!
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