'Neste domingo, celebramos Cristo, Rei do Universo. Contemplamos a realeza de Cristo. Durante um ano, Cristo foi passando no meio de nós, dando-nos a Sua Palavra, alimentando-nos na Eucaristia, dando-Se a nós nas celebrações litúrgicas; interpelando-nos no irmão pobre, necessitado; dialogando conosco por meio da oração etc. Se percebermos, durante todo o ano celebramos os mistérios de Cristo. E é esta a beleza e a força do ano litúrgico. Na solenidade de Cristo Rei, celebramos a Sua realeza, Cristo vencedor da morte, constituído Kyrios (Senhor), que é Senhor de tudo, “o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim” (Ap 22,12-13).
No Evangelho deste domingo (Jo 18,33-37), tem-se o
interrogatório de Pilatos a Jesus sobre a Sua realeza. Esta cena mostra a
ambiguidade do poder, exercido por um homem vacilante, que defende somente a si
mesmo e ao posto que ocupa. Do outro lado, interrogado está o verdadeiro
protagonista: um prisioneiro impotente, entre as suas mãos. Este interrogatório
deve nos fazer refletir sobre o poder, sobre o sentido do poder. A pergunta de
Pilatos atinge o centro do problema político que o preocupa, a realeza de
Jesus: “és o rei dos Judeus?” (Jo 18, 33). Pilatos queria saber se Jesus era o
Messias político dos judeus, um revolucionário contra o Império Romano. A
pergunta de Pilatos vem formulada com base nas acusações e intrigas dos
sacerdotes e do Sinédrio contra Jesus. Jesus responde com outra pergunta:
“falas isso por ti mesmo ou outros te disseram isso de mim?” Jesus, com esta
pergunta, mostra a Pilatos que ele está num plano diferente do Seu. Jesus tinha
fugido, quando queriam fazê-lo rei. Por isso, Ele afirma que Seu reino não é
deste mundo, isto é, Sua realeza não está submetida aos olhos humanos e tem uma
dimensão diferente, não é de origem terrena. Sua força e Seu poder não
possuem a dimensão política do de Pilatos, dos reis deste mundo, mas provém de
Deus.
À nova pergunta de Pilatos, Jesus explica em que sentido é
rei. “Para isso nasci e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade.
Quem é da verdade, ouve a minha voz” (Jo 18, 37). Jesus veio do Pai e revela
aos homens o que viu e ouviu do Pai. Ele é o revelador do Pai. Mas Ele é,
também, a Verdade: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6). Ele
é a Verdade. Pilatos tem diante de si, Aquele que é a Verdade. A verdade não é
mais uma ideia, uma filosofia, mas uma pessoa: Jesus de Nazaré, o Filho de
Deus. Quem é da verdade O escuta, quem não é da verdade O rejeita. Somente na
fé é possível entender o verdadeiro sentido da realeza de Jesus. Pilatos é
provocado a tomar posição diante da realeza de Jesus, mas se esquiva,
perguntando o que é a verdade.
Pilatos representa a realeza que se fecha diante da defesa
dos próprios privilégios e dos próprios interesses. Jesus testemunha uma
realeza que se doa ao extremo, num amor gratuito, fazendo da cruz o Seu trono.
Realeza que não defende seus próprios interesses, mas faz da vida dom pela
nossa salvação.
Que a realeza de Cristo nos ajude a percebermos que ser da
Verdade implica escutar a Sua voz e, a exemplo de Cristo, doar-se por amor. Só a
realeza do amor de Cristo nos salva e nos liberta.’
PALAVRA DO PASTOR
CRISTO, REI DO AMOR
Dom
Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília – DF.
Em, 21 de novembro
de 2021
Ana Pinto de Miranda
Bessa
À serviço
do Senhor!
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