'Neste e nos dois próximos domingos, interrompemos a leitura
do Evangelho segundo Marcos, por ser o mais curto, para ler e meditar o
capítulo sexto do Evangelho segundo João. Nele, Jesus se apresenta como o Pão
da Vida, que multiplica o pão, saciando a fome da multidão.
O tema do pão partilhado já se encontra na primeira
leitura. O profeta Eliseu partilha com o povo os pães que lhe foram oferecidos,
ao invés de guardá-los para si. Ao realizar esse gesto de generosidade e
partilha, Eliseu mostra que Deus quer saciar a fome do seu povo. É uma
prefiguração do “sinal” realizado por Jesus.
O apóstolo Felipe, assim como ocorreu com o servo do profeta
Eliseu, não acreditava ser possível saciar a fome do povo, considerando o pouco
que tinham. Deus abençoa e multiplica o pão partilhado! Deus conta, hoje, com o
pouco que podemos oferecer para multiplicar o pão, assim como Jesus contou com
a colaboração das pessoas para realizar tantos outros milagres, “sinais” da
chegada do Reino.
O relato joanino da multiplicação dos pães realça a
significativa figura de um menino que oferece os pães e os peixes. Era muito
pouco perante a multidão que ali estava. A condição física e social de uma
criança, marcada pela fragilidade e pequenez, torna ainda mais significativa a
oferta dos cinco pães e dois peixes, que somados equivalem a sete, número da
totalidade ou plenitude, no contexto bíblico. Portanto, não se oferece apenas o
que sobra ou que tem pouco valor, mas o que se tem e que se considera
importante. Acrescente-se a isso, o gesto de Jesus de dar graças pelos pães e
os peixes, expressando que os bens partilhados são dons de Deus.
Infelizmente, há muita indiferença perante o drama da
miséria e da fome, conforme tem ressaltado o Papa Francisco. É preciso
dispor-se a partilhar generosamente o pouco que se tem, reconhecendo que os
bens são dons de Deus. É ele, o Senhor! Somos apenas administradores de bens
que são dele e de cuja administração nós devemos prestar contas a ele. Contudo,
o Evangelho de hoje nos convida a colocar nossa fé em Jesus Cristo, o Pão da
Vida, que vem saciar a nossa fome de vida e que, através de nós, apesar da
nossa fragilidade e pequenez, quer saciar a fome sofrida por tanta gente: fome
do pão cotidiano nas casas, fome do pão da Palavra e da Eucaristia. Portanto,
não deve faltar a fé em Deus, que sacia a nossa fome, assim como, a disposição
em partilhar os nossos bens com os necessitados. A celebração eucarística, no
qual partilhamos o Pão da Vida, seja fonte e sustento da partilha do pão
cotidiano! '
A PALAVRA DO
PASTOR
A MULTIPLICAÇÃO DOS
PÃES
Dom Sergio da
Rocha
Arcebispo de
Brasília – DF.
Em, 26 de julho de 2015
Ana Miranda Bessa
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