‘ O Salmo da Liturgia de hoje resume bem um dos
principais aspectos da Palavra de Deus proclamada: O Senhor é o pastor que me
conduz (Sl 22). O rebanho pertence ao Senhor. É ele o verdadeiro pastor que a
todos conduz, contando também com a nossa colaboração no cuidado pastoral do
seu rebanho, conforme os diversos dons e vocações.
O profeta Jeremias (Jr 23,1-6) censura os “pastores”, termo
que englobava as lideranças civis e religiosas, por não cuidarem do rebanho,
deixando as ovelhas se dispersarem e se perderem. Ao mesmo tempo, ele anuncia
que Deus irá substituí-los por pastores capazes de tomar conta das ovelhas e
fará surgir da descendência de Davi o pastor ideal que reinará com sabedoria,
justiça e retidão, trazendo a salvação e a vida para o seu povo. Reconhecemos,
nessa profecia, a promessa messiânica, pois ela se cumprirá plenamente em Jesus
Cristo, o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas, segundo a célebre passagem
joanina (Jo 10, 11).
O rebanho do Senhor deve ser marcado pela unidade. Nele, não
deve haver inimizade ou divisão, pois “Cristo é a nossa paz” (Ef 214). Jesus
Cristo, pelo seu sangue derramado na cruz, une os que se encontravam divididos
em um “só corpo” (Ef 2,16), isto é, num só rebanho. Ele derrubou o muro da
inimizade que separava judeus e pagãos formando um só povo. Essa imagem paulina
faz pensar no muro do templo de Jerusalém, que impedia aos pagãos de
ultrapassá-lo e de violar o espaço reservado aos judeus, ou na própria Lei de
Moisés, interpretada erroneamente por mestres que excluíam os pagãos da
salvação. No mundo de hoje, marcado por tantas divisões e violências,
necessitamos anunciar que Cristo “é a nossa paz” (Ef 2,14), promovendo a
reconciliação e a unidade. “Somos da paz” é o lema deste Ano da Paz vivido pela
Igreja no Brasil, nos motivando a promover a paz, na vida cotidiana.
Quem se deixa conduzir pelo Senhor, como ovelha do seu
rebanho, experimenta a sua misericórdia na própria vida e sente “compaixão”
pelos que mais sofrem. O Evangelho segundo S. Marcos ressalta a “compaixão” de
Jesus diante da “numerosa multidão” que o procurava, cuja situação era
semelhante à de “ovelhas sem pastor” (Mc 6,34). A compaixão não se reduz a
sentimento; é manifestada por gestos concretos de misericórdia e solidariedade.
Além da dedicação dos pastores, cada um deve oferecer a sua
colaboração no cuidado pastoral e na ação missionária da Igreja, de modo
especial, com compaixão pelas ovelhas mais sofridas do rebanho do Senhor, que a
todos quer conduzir.’
A PALAVRA DO PASTOR
O SENHOR E O MEU PASTOR !
Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília – DF.
Em, 19 de julho de 2015
Ana Miranda Bessa
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