'Continuamos a ler e a meditar o Evangelho segundo Marcos,
proposto para os domingos do Tempo Comum deste ano. Estamos hoje meditando o
início do capítulo sexto de Marcos (Mc 6,1-6), contemplando Jesus em “sua
terra”, a pequena cidade de Nazaré, na Galileia, onde ele cresceu e residia a
sua família. Marcos destaca as reações das pessoas diante da pregação de Jesus:
“ficaram escandalizados por causa dele”; não admitiam a sua sabedoria e seus
milagres, por considerá-lo “o carpinteiro”, cuja família humilde era muito
conhecida por eles. Diante disso, temos as duras palavras de Jesus: “um profeta
só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares” (Mc 6,5) e a
constatação de que ele “admirou-se com a falta de fé deles” (Mc 6,6), não
podendo, por isso, “fazer ali milagre algum” (Mc 6,5). Entretanto, a rejeição
em Nazaré não impede Jesus de continuar a anunciar a Boa-Nova. Ao contrário, a
narrativa de Marcos, no início e no final, apresenta Jesus “ensinando”.
A rejeição sofrida pelos profetas, mencionada por Jesus,
encontra-se exemplificada em Ezequiel, cuja vocação é recordada na primeira
Leitura (Ez 2,2-5). Ele é enviado a “rebeldes que se afastaram” de Deus, que
“se revoltaram” contra Deus (Ez 2,3), gente de “cabeça dura e coração de pedra”
(Ez 2,4). Contudo, é ressaltada a iniciativa de Deus, que o envia e sustenta na
missão profética.
Na segunda leitura, ouvimos o testemunho de S. Paulo. Além
das perseguições sofridas, ele se refere à própria fragilidade, aos obstáculos
de sua condição pessoal, testemunhando que “é na fraqueza que a força se
manifesta” (2Cor 12,9). Paulo experimenta a força de Cristo em meio a
“fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias” (2Cor 12,10). Por
isso, jamais desanima diante dos desafios enfrentados, mas prossegue confiante
na graça de Deus.
Hoje, Jesus Cristo continua a ser rejeitado, assim como
aqueles que ele envia em missão. Quem procura viver e testemunhar fielmente o
Evangelho, quem participa da Igreja, muitas vezes, sofre incompreensões entre
familiares, colegas de trabalho ou de estudo, dentre outros. Contudo, nessas
ocasiões, faz a experiência da força do amor de Deus que nos acompanha e
sustenta. Rezemos, de modo especial, pelos inúmeros cristãos perseguidos no
mundo de hoje, muitos dos quais continuam a ser mortos pela fé em Cristo.
Apesar dos apelos insistentes do Papa Francisco, pouco tem sido feito para
assegurar o direito à liberdade religiosa aonde perdura essa triste realidade.
Entre nós, reine a fidelidade ao Evangelho e o fraterno respeito a todos,
jamais alimentando a intolerância religiosa ou qualquer forma de
violência.'
A PALAVRA DO PASTOR
O PROFETA REJEITADO
Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília - DF.
Em 05 de julho de 2015
Ana Miranda Bessa
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