'A Igreja, neste trigésimo Dia do Senhor do Tempo Comum,
através da Liturgia da Palavra, oferece à nossa meditação a lembrança de que plenitude
da Lei – como, aliás, de todas as Escrituras Sagradas – é o amor.
Na primeira Leitura (Ex 22,20-26), a Palavra de Deus une à
exigência de tratar com dignidade o estrangeiro e de não fazer mal ao órfão e à
viúva, a promessa de dar a justa punição aos que os oprimem desprezando a
Palavra. Logo a seguir, acrescenta o dever de solidariedade para com o próximo
como sinal de pertença ao seu povo. Fica bem claro que os preceitos da Lei
sobre convivência entre os eleitos são expressão do verdadeiro culto de amor a
Deus e da obediência à Sua santa vontade. E o clamor dos mais fracos, no
momento da opressão, toca as entranhas de misericórdia do Deus justo e bom: “Se
clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso” (Ex 22,26). A fé de
Israel no Deus justo e misericordioso se expressa na universalidade do amor,
que não se limita aos membros da mesma família, da tribo ou do povo eleito, mas
alcança também o estrangeiro.
O Salmista nos ensina que o clamor do pobre se traduz em oração de confiança: “Eu vos amo, ó Senhor, sois minha força e salvação, minha rocha, meu refúgio e salvador” (Sl 17,2-3). Quantas vezes, no nosso apostolado, ao visitar os mais pobres, não nos admiramos com o testemunho de uma confiança sobrenatural e inabalável na misericórdia de Deus. Esta confiança muitas vezes se esvai no aburguesamento provocado pela vida cômoda e dissipada pela preguiça daqueles a quem nada falta.
“É necessário que os fiéis tenham amplo acesso à Sagrada
Escritura” (Dei Verbum 22), às Santas Palavras, para que encontrem a
Verdade e cresçam no amor autêntico. Este amor que é a plenitude da Lei se
exprime em dois atos indissociáveis. O primeiro ato, que tem precedência na
ordem do princípio, é o culto de adoração a Deus: “amarás o Senhor teu Deus de
todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mt
22,34-40). O segundo ato, que se expressa nas obras de misericórdia e tem a
precedência na ordem da prática, é o amor ao próximo: “O segundo é semelhante a
esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. As obras de misericórdia não são
mera filantropia sem raiz sobrenatural, são um ato de amor que São Vicente de
Paulo não teme identificar com a adoração a Deus.
Sim, a plenitude da Lei é o amor. E este amor traz ao
coração humano uma alegria inigualável, compatível com o mistério da Cruz.
Paulo diz aos Tessalonicenses: “E vós vos tornastes imitadores nossos e do
Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito, apesar de tantas
tribulações” (I Tes 1,6). Esta alegria exige, portanto, um conhecimento mais
íntimo de Cristo e uma escuta sempre dócil de sua Palavra, que dá pleno sentido
à vida.
PALAVRA DO
PASTOR
A
CARIDADE É A PLENITUDE DA LEI
Dom José
Aparecido Gonçalves de Almeida
Bispo Auxiliar de Brasília – DF.
Em, 25 de outubro de 2020
Ana Pinto de Miranda Bessa
À serviço do
Senhor!
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