'A Liturgia deste domingo nos convida a viver na santidade. “Sede santos como eu sou santo” (Lv 19,2) é uma palavra que se repete como um refrão no Livro do Levítico. O próprio texto proclamado nos mostra como ser santos: “amarás o teu próximo como a ti mesmo”; “não procures vingança, nem guardes rancor” (Lv 19,18).
No Evangelho, continuamos a meditar o “sermão da montanha”. Como vimos no último domingo, Mateus apresenta Jesus dando a “nova Lei” ao novo povo de Deus, assim como outrora Moisés subiu o monte Sinai para dar a Lei ao povo da Antiga Aliança. Jesus ensina o verdadeiro sentido da Lei, que estava sendo esquecido, elevando-a à perfeição e tornando-a muito mais exigente. Mateus narra vários exemplos dados por Jesus para explicar a nova Lei, seguindo o esquema: “vós ouvistes o que foi dito; eu, porém, vos digo”. Dos seis exemplos apresentados por ele, quatro apareceram no Evangelho do domingo passado; os dois últimos estão na passagem de hoje (Mt 5,38-48).
O primeiro refere-se ao “olho por olho e dente por dente”, que aparecia em vários textos do Antigo Testamento, com o objetivo de evitar vinganças desmedidas e diminuir a violência. Para Jesus, não basta uma lei que apenas limita os excessos da vingança. É preciso acabar com a vingança, não respondendo às provocações com violência, conservando sempre uma atitude pacífica.
O segundo refere-se a “amar o próximo e odiar os inimigos”, segundo a antiga Lei. Para Jesus, não basta amar o próximo que é amigo ou que pertence ao mesmo grupo. “Amai os vossos inimigos; rezai por aqueles que vos perseguem”, ordena ele (Mt 5,44). Os discípulos não excluem do seu amor nem mesmo os inimigos. Por isso, não devem ceder à tentação da violência, que gera ainda mais violência, sofrimento e morte. Nós somos chamados a ser santos, vivendo um amor sem medida, cuja razão de ser é o amor universal de Deus (Mt 5,45).
A comunidade cristã é o “santuário de Deus”, conforme S. Paulo: “o santuário de Deus é santo e vós sois esse santuário” (1Cor 3,17). Por isso, não deve haver divisão entre os membros da comunidade, como ocorria em Corinto, onde cada um se sentia ligado a um dos grandes pregadores (Paulo, Apolo, Pedro), esquecendo-se de que não pertenciam a eles, mas a Cristo. “Vós sois de Cristo”, proclama o Apóstolo (1Cor 3,23). Não se pode “destruir o santuário de Deus” com divisões. Cada um de nós e a comunidade inteira somos chamados à santidade.
Neste domingo, em que se encerra a visita da imagem jubilar de Nossa Sra. Aparecida, peçamos a nossa Padroeira que nos ajude a ser santos, vivendo o amor ao próximo e formando comunidades unidas, verdadeiros santuários de Deus!'
PALAVRA DO PASTOR
SEJAM SANTOS!
Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília - DF.
Em, 19 de fevereiro de 2017
Ana Miranda Bessa
Nenhum comentário:
Postar um comentário