'Após as celebrações das solenidades de S. João Batista e dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, nos domingos anteriores, a Igreja retoma a Liturgia da Palavra própria dos Domingos do Tempo Comum. Por isso, continuamos a ler e a meditar o Evangelho segundo Marcos, proposto para os domingos do Tempo Comum deste ano. Estamos hoje meditando o início do capítulo sexto (Mc 6,1-6), contemplando Jesus em “sua terra”, a pequena cidade de Nazaré, na Galileia, onde ele cresceu e onde residia a sua família.
Marcos destaca as reações das pessoas diante da pregação de Jesus na sinagoga: “ficaram escandalizados por causa dele”; não admitiam sua sabedoria e seus milagres, por considerá-lo “o carpinteiro” cuja família humilde era conhecida entre eles. Diante disso, temos as duras palavras de Jesus sobre o profeta que “só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares” e que não podia “fazer ali milagre algum” pela “falta de fé deles” (Mc 6, 5s). Entretanto, a rejeição em Nazaré não impede Jesus de continuar a cumprir sua missão de anunciar a Boa-Nova. Ao contrário, o relato proclamado hoje apresenta, no seu início e no seu final, Jesus “ensinando”.
A rejeição sofrida pelos profetas, mencionada por Jesus, encontra-se exemplificada em Ezequiel, cuja vocação é recordada na primeira leitura (Ez 2,2-5). Ele é enviado a “rebeldes que se afastaram” de Deus, que “se revoltaram” contra Deus, a gente de “cabeça dura e coração de pedra”. Contudo, é ressaltada a iniciativa de Deus, que o envia e sustenta na missão profética.
Na segunda leitura, meditamos o testemunho de São Paulo, que além das perseguições sofridas, refere-se à sua própria fragilidade, aos obstáculos de sua condição pessoal, testemunhando que “é na fraqueza que a força se manifesta” (2Cor 12,9). Paulo experimenta a força de Cristo nele agindo em meio a “fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias sofridas por amor a Cristo” (2Cor 12,10). Por isso, jamais desanima diante dos desafios enfrentados, mas prossegue confiante na graça de Deus, que faz crescer aquilo que ele e outros apóstolos plantaram e regaram.
Hoje, em muitas situações, Jesus Cristo continua a ser rejeitado, assim como aqueles que ele envia em missão. Ninguém deve se deixar abater perante as incompreensões e críticas ofensivas que sofrer por causa da fé em Cristo e de sua participação na Igreja. Cada cristão é chamado a permanecer fiel e a dar testemunho corajoso de sua fé, perseverando na Igreja e sendo “sal da terra” e “luz do mundo”, conforme nos recorda o Ano Nacional do Laicato.'
PALAVRA DO PASTOR
O PROFETA REJEITADO
Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília - DF.
Em, 08 de julho de 2018
Ana Miranda Bessa
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