5.1.15

COITÉ - CAPÍTULO XIII


                           

          

        CREUSANTINA E DAMIÃO FAZEM PLANOS-1

Damião e a Creusantina vinham muito satisfeitos da visita que fizeram à vila. Puxavam o jegue Teimoso por uma corda atada ao cabresto. O jegue ganhara mais um pedaço de rapadura na volta ao sítio dos dois apaixonados. Creusantina estava alegrinha  com o casamento previsto para o próximo domingo.                                                            

Como a professora Romana era simpática e amiga! Fazia parte de pensamentos.                                                                                                                                                            
Ah, e como ela amava o Damião!
 Nestes poucos dias de convivência Damião se revelou um ótimo companheiro. Não deixava ela fazer nada. Adivinhava o que ela queria e saia  na frente para executar o que ela desejava.                                                                     

Logo cedinho, Damião acendia o fogo, fazia meia dúzia de biju. Em seguida ia até ao curral, tirava leite das cabras o suficiente para alimentar os dois e  soltava as mesmas para pastarem. Os jegues mereciam também atendimento.  As galinhas d’angola não davam nenhum trabalho. Eram quase  selvagens e sabiam se virar. Valente e Vale se contentavam com pouco. Dois pedacinhos de carne de cabrito e algum osso da costela e pronto.




Creusantina estava vivendo um sonho. Há muito deixara de labutar na roça por causa da seca. Quando seu pai ainda era vivo e o regime de chuvas funcionava, ela  ajudara  muito seu falecido pai. Seus dois irmãos sumiram, foram para o sul e não deram mais notícias. Sua mãe doente, com aquela falta de respiração, dor no peito e o braço esquerdo com dormência, só merecia atenção e preocupação...

Então minha filha, vamos plantar a mandioca, o milho e o feijão... Depois colher ..., falava seu pai.
 Assim era a vida de Creusantina. Mas ela fazia tudo com amor, pelo seu pai e pela sua mãe !  Essas lembranças vinham sempre à sua mente ao acordar . Mas tudo mudara desde que viera morar com seu amado Damião.

Ela recebia na cama ( aquela cama tosca feita de pau roliço e um colchão de tecido de algodão e cheia de capim e palha de milho), o biju e o leite de cabra que o alegre e amado Damião lhe levava toda manhã.                                                              
                                                        
 Mas ela não entendia ainda por que o Damião comprara aquele tanto de rapadura? Esperava chegar em casa, para matar aquela curiosidade, na conversa que iria ter com o seu marido. Marido? Sim, sim, marido, pois eles iam se casar, pela Graça de Deus e as bênçãos da Nossa Senhora da Conceição , no próximo domingo.

Assim que chegaram em casa Vale e Valente vieram dar as boas vindas abanando os rabos, com pequenos grunhidos solicitavam atenção e carinho. Ganharam o que pediam tanto do Damião como da Creusantina. Esta abaixada, coçava a barriga de ambos falando palavras de carinho: Ah seus danadinhos, valentes e corajosos. Nisto a Creusantina tinha razão! Ninguém daria nada pelos ditos, mas que eram valentes e corajosos , isso eles eram!

Damião não perdia tempo. Tirou as bolsas de couros da cangalha e a própria de cima do Teimoso. Deu-lhe um tanto de água e mais um pedaço de rapadura e soltou para que fosse se juntar aos outros dois muares. O que comprou do Leontino, as rapaduras, farinha e feijão, foram acomodados na cozinha. Pronto, saiu de casa e foi ao encontro da Creusantina levando uma caneca de água fresca tirada do pote. 

Creusantina que já tirara as sandálias dos pés e com as  pernas estiradas para a frente, abanava-se, para espantar o calor, com o chapéu de palha de abas largas que usava toda vez que saia de casa. Creusantina já estava acomodada no banquinho em frente de casa...

Estou vendo, pensava, lá vem meu querido Damião com uma caneca de água fresca para mim, nem preciso pedir...
 Ele advinha o que eu quero!

Damião sentou-se ao lado de sua querida. Puxou o ar e encheu os pulmões , sentindo aquele perfume doce e suave da sua amada. Nem queria devolver o ar para fora para não desperdiçar tão suave odor. Mas enfim tinha que obedecer a natureza e aos poucos libertou o ar que enchia os seus pulmões... 

Sorrindo e pegando na mão da Creusantina falou:

Brasília-DF., 05 de janeiro de 2015
             Djalmir Bessa



NOTA: A nossa estória Coité passa a destacar em capítulos exclusivos as seguintes personalidades

1-A ESTÓRIA DA JOANINHA- conta como a Joaninha , jovem, dotada de uma excepcional inteligência e um terceiro sentido aguçado, cristã e católica, aceita se casar com um mau caráter chamado Atílio:

2-MARMELADA E GOIABADA- Conta a estória desses dois preguiçosos e analfabetos mas de uma sabedoria ingênua que conseguem sobreviver a vários percalços até chegarem à Vila Conceição de Coité:

3- Zaza- Conta a estória dessa “ mulata de dentes perfeitos, sorriso alegre e de baixo custo” e como entra na vida do sabido, esperto e mentiroso Atílio;

4-  Creusantina e Damião conta a estória desse jovem casal bonito e simpático, que saem de Coité em busca de melhores condições de vida e ....retornam vitoriosos.





   

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