Capítulo XII
O GRANDE SEGREDO DO
SÊO ATÍLIO
Antes do final do dia, antes que escurecesse, o Seu Atílio
ia até a sua casa que ficava ao lado do armazém. Todo sorridente encontrava a sua esposa Joaninha, quase sempre na máquina
de costura ou ainda cerzindo as suas meias. As três filhinhas, Márcia com
11anos, Mércia com 10 anos e Míriam com 9 anos, sempre brincando com suas
bonequinhas de pano, ao lado mãe.
A máquina de costura ficava praticamente em frente ao cofre que o Atílio abria diariamente para guardar o resultado do
dia.
Joaninha, no seu silêncio, observava
a movimentação do marido em abrir e fechar o tal cofre.
Este, muito displicentemente, realizava sempre o mesmo ritual:
primeiro com uma chave especial destrancava o cofre ; em seguida girava a roda
do centro do segredo 3 vezes para a direita , depois uma completa para a
esquerda, em seguida uma incompleta para a direita.
Pronto abria o dito cofre.
Ficava extasiado, observando o seu conteúdo: montes de papel
moeda organizados em maços. Certificados Bancários do Banco Oficial do Governo
em valores em ouro. Escrituras de
imóveis em Salvador e pequenas sacolas com moedas diversas.
Bem, pensou, já estava na hora de viajar para Salvador, não
somente para trocar aqueles papeis, moedas, por mais depósitos em ouro, como
também para matar a saudade daquela mulata alegre, de dentes perfeitos e de baixo custo, a Zazá .
Atílio suspirou como se estivesse muito cansado...
Fingindo cara
de tristeza e de quase arrependimento,
pois tinha que viajar para Salvador,
balançando a cabeça em sinal negativo falou:
Oh Joaninha , minha esposa , não é que eu tenho de viajar
outra vez para Salvador ?! Eu não gosto de sair de perto da minha família, mas a
necessidade dos negócios me obriga a fazer o que não quero. Os tecidos de chita
e brim estão com o estoque baixo e nós (neste momento era nós e não Eu)
precisamos reforçar o estoque. Não fique triste não, que vai ser uma viagem
rápida, volto logo.
Joaninha na sua natureza silenciosa, quietinha , aprendeu muito cedo a lidar com os
“negócios” do seu sabido e esperto
marido. O sexto sentido dela era aguçado, eficaz e funcionava muito bem quando
se tratava das mentiras do seu marido. Adivinhava praticamente todas as
intenções do Atílio, por mais ocultas que fossem.
Pensou: já estava passando a hora dela abrir aquele cofre e
saber os segredos dele. Tomou a decisão de executar o seu plano imediatamente. Aquele
vai e vem da roda do segredo do cofre ela já sabia de cor e salteado . Só
faltava os números. Bem, já sabia como consegui-los.
Joaninha: Está bem Atílio, mas leva o Marmelada consigo para
a minha tranquilidade! Eu fico com o Goiabada, como sempre, para me atender e
se necessário ir até o nosso sítio para trazer o leite de cabra das crianças,
os frangos e cabritos abatidos para o nosso sustendo.
- Quando o sabidíssimo Atílio viaja ele fechava o armazém,
pois não confiava em ninguém, nem mesmo na sua esposa a Joaninha -.
Marmelada e Goiabada eram os dois empregados do Atílio no
armazém há mais de um ano, que têm estória própria que conto mais adiante, pois
vamos nos concentrar no famoso segredo do cofre do Atílio. Mas antes voltemos
nossa atenção para o casal simpático e abençoado Creusantina e Damião.
Brasília - DF., 1º de janeiro de 2015
Djalmir Bessa
TODAS AS 2a. e 5a. FEIRAS NOVO CAPÍTULO
NOTA: A nossa estória Coité passa a destacar em capítulos exclusivos os seguintes Personagens:
1-A ESTÓRIA DA JOANINHA - Conta como a Joaninha , jovem,
dotada de uma excepcional inteligência e um sexto sentido aguçado, cristã e
católica, aceita se casar com um máu caráter chamado Atílio;
2-MARMELADA E GOIABADA - Conta a estória desses dois
preguiçosos e analfabetos, mas de uma sabedoria ingênua que conseguem sobreviver
a vários percalços até chegarem à Vila Conceição de Coité e,
3- Zazá - Conta a estória dessa “ mulata de dentes perfeitos,
sorriso alegre e de baixo custo” e como entra na vida do sabido, esperto e
mentiroso Atílio.
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