LEONTINO
APARECE DE SURPRESA
PARA DAMIIÃO
Era de madrugada. O sol já anunciava o dia. A alegria ruidosa
da natureza confirmava que mais um dia iria se iniciar. Damião já estava de pé
e abrira a porta da sua casinha. Aspirou profundamente o ar fresco e sentiu-se pronto
para a labuta do dia
Retornou para dentro de casa, acendeu o fogão a lenha e
preparou os bijus da refeição matinal. Saindo, puxou do poço varias latas
d’agua, tirou leite das cabras o suficiente para alimenta-los.
Em seguida
deixou que os cabritinhos se juntassem às mães cabras para que eles se alimentassem. As galinhas d’angola jã estavam
se cuidando e somente se ouvia o seu canto característico: tofraco, tofraco,
tofraco...
Valente e Vale, seus dois vira-latas, receberam seu pedaço
de cabrito assado e um pedaço de osso da costela.
Soltou as cabras e os muares para pastarem. Menos a cabra
velha, aquela que estava destinada para o abate. Pois esta já não era mais sua,
mas do Leontino, no negócio que fizera com o mesmo, no dia anterior.
Entrou em casa, novamente, com as canecas com o leite de cabra
e foi acordar a sua amada Creusantina. Deu uma vontade de chama-la de Creuzinha
ou Tininha. Optou pelo último e falou:
Acorda Tininha, querida minha. Está amanhecendo e o nosso
biju já está pronto e o leite de cabra já foi puxado. Está aqui na caneca para
o amor de minha vida!
Creuzantina: Bocejou e espreguiçou ao mesmo tempo. Sorriu
feliz com a maneira carinhosa de Damião de chama-la: Tininha. Oh vida boa que
ela estava tendo!
Neste momento lembrou do compromisso de ajudar o Damião a
abater a cabra velha destinada ao Leontino. Levantou rápida, lavou o rosto,
escovou os dentes e veio sentar-se à mesa tosca junto ao Damião. Antes porem um
beijo apaixonado.
Creuzantina: Oh querido e amado Damião. Deus nos abençoe.,
pois estou muito feliz com a nossa vida. Peço à Deus que a nossa felicidade
dure para sempre! Sim, agora vamos à refeição e em seguida para o sacrifício da
nossa cabra. Se você faz isso com dor no coração eu também.....
Uma hora após, vamos encontrar Damião e Creuzantina com os afiados facões a separar as duas
bandas da cabra abatida e dependurada pelas pernas traseiras.
Neste momento Vale e Valente começam a latir e a rosnar. Ao
mesmo tempo o casal escuta tropel de
burros aproximando-se de sua casa. Preparam-se
para não serem pegos de surpresa por algum bandido, segurando firmemente o
facão afiado. Não dava tempo de irem pegar as suas garruchas dentro de casa.
Antes que o tropel dos burros aumentasse, alguém gritou:
Oi de casa ! é o Leontino...Dia, Damião e Creusantina...
É muito comum, no interior , se cumprimentarem abandonando o
Bom do Dia, o Boa da Tarde e o Boa da Noite . Ficando assim:
Dia....Tarde...Noite.
Damião; Dia, Sêo Leontino. Vamos chegar e apear .Chegou na
hora de levar a sua cabra, que já está abatida
e limpa, pronta para assar! Aqui temos para os amigos leite de cabra
puxado na hora e uns bijus muito bem feito!
Assim apareceu do meio do serrado, três burros, sendo o
primeiro montado pelo Leontino, seguido de perto pelo seu filho adotivo e
sócio, o Braga puxando o terceiro burro com
uma cangalha com as duas bolsas de couro.
Leontino e seu companheiro apearam dos seu burros. Amarraram
suas montarias debaixo de um pé de coité e Leontino falou para o casal:
Pois é , Damião e Creuzantina , estou passando aqui na
propriedade de vocês com o objetivo de
ter uma conversa com o casal e apanhar a minha cabra, que já vejo que está
abatida e sendo moqueada. Portanto vamos conversar...
Brasilia-Df, 15 de janeiro de 2015
Djalmir Bessa
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