'Duas histórias semelhantes são apresentadas na Primeira Leitura (1Rs 17,17-24) e no Evangelho (Lc 7,11-17). Ambas falam de viúvas, mães de filho único. A primeira, que vivia em Sarepta, hospedou generosamente o profeta Elias, em época de seca. É um exemplo de fé em Deus, de generosidade e de partilha, a ser seguido no mundo de hoje. A outra, que era de Naim, testemunha a compaixão de Jesus pelos pobres e sofredores. Recordemos que a situação da mulher viúva, naquele tempo, era muito difícil e se perdesse o filho único, se tornava ainda pior.
Em ambas as passagens, Deus manifestou a sua misericórdia. Entretanto, há uma diferença fundamental entre as duas histórias. Para que o filho da viúva de Sarepta recuperasse a vida, o profeta Elias necessitou suplicar a Deus pelo menino. O esforço pessoal de Elias e a sua oração são ressaltados pelo Primeiro Livro dos Reis. Na história narrada por S. Lucas, a atitude de Jesus é bem diferente, pois ele é o Senhor vencedor da morte. Para dar novamente a vida ao filho da viúva de Naim, Jesus apenas o tocou com sua mão, dizendo: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te! (Lc 7,14)”. A viúva de Sarepta louva a Deus reconhecendo que Elias era “um homem de Deus”, cuja palavra estava em sua boca. Diante de Jesus, a exclamação do povo vai além do reconhecimento de que se tratava de um grande profeta: “Deus veio visitar o seu povo” (Lc 7,16). De fato, Jesus Cristo é o próprio Deus que visita o seu povo, o Verbo que se faz carne e vem habitar entre nós. S. Lucas esclarece que aquele que sentiu compaixão da viúva e a consolou era o próprio “Senhor” (Lc 7,13). Já nos inícios do Evangelho segundo Lucas, encontramos afirmação semelhante na boca de Zacarias: “Bendito seja o Senhor Deus de Israel porque visitou e libertou o seu povo e fez surgir um poderoso Salvador” (Lc 1,68). Deus visitou a pobre viúva, demonstrando o seu amor compassivo e o seu poder sobre a morte. Ela representa tantas outras pessoas pobres e sofredoras que são visitadas por Deus nos diversos episódios descritos por S. Lucas.
Deus continua a visitar o seu povo, manifestando compaixão. Contudo, para reconhecer a sua visita, é preciso ter a atitude humilde e confiante da viúva e, especialmente, o olhar da fé. São Paulo afirma que o evangelho pregado por ele “não é conforme a critérios humanos” (Gl 1,11). Assim sendo, é preciso deixar-se conduzir pelos critérios de Deus, como a compaixão, a gratuidade e o amor pelos irmãos que vivem, hoje, a condição das viúvas mencionadas. Neste Ano Santo, faça a experiência de visitar os que mais sofrem, pois também nós necessitamos de ser visitados pelo Senhor, em nossas aflições.'
PALAVRA DO PASTOR
DEUS VISITA O SEU POVO !
Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília - DF.
Em, 05 de junho de 2016
Ana Miranda Bessa
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