31.7.16

O RICO INSENSATO - LUCAS 12,13-21 : ' RICO DIANTE DE DEUS' - REFLEXÃO DO PASTOR







'A Liturgia da Palavra deste domingo nos motiva a refletir sobre as nossas atitudes perante os bens materiais. Eles não podem ser “deuses” que dirigem a nossa vida. Após alertar sobre o perigo da ganância, Jesus põe em relevo a questão do sentido da vida, contando a parábola do rico insensato. “A vida de um homem não consiste na abundância de bens" (Lc 12,15) é a sua resposta a alguém que se queixava da divisão de uma herança. Naquele tempo, as pessoas recorriam aos mestres e doutores da Lei para resolver conflitos familiares a respeito de heranças. Jesus vai muito além do problema colocado, questionando a atitude face aos bens materiais. Quem acumula bens e neles coloca a sua segurança é chamado de "louco" (Lc 12,20).

                                          
  


O sentido da vida não pode estar na acumulação e no consumo dos bens materiais. Quem assim faz se deixa levar por ídolos que pretendem ocupar o lugar de Deus. A ganância é um tipo de culto que se presta ao ídolo da riqueza. O ídolo acaba por destruir aqueles que lhe prestam culto, fazendo sofrer a muitos outros. A fé no Deus verdadeiro exclui qualquer forma de idolatria. Por isso, em diversas ocasiões, Jesus propôs aos discípulos o desapego dos bens e a partilha. É loucura colocar o sentido da vida e a segurança na abundância de bens. É lamentável o culto à prosperidade difundido, em nosso tempo, até mesmo por pessoas ou grupos que se dizem cristãos. Jesus nunca prometeu riquezas aos seus seguidores. Ao contrário, ele considera louco, "quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus" (Lc 12,21). Assim sendo, além de ser um problema moral, a ganância põe em risco a fé no verdadeiro Deus. Num mundo marcado pela idolatria da riqueza, alimentada pela acumulação e o consumo insaciável de bens, a parábola contada por Jesus nos questiona a respeito das posturas adotadas diante dos bens materiais.

O Eclesiastes nos faz refletir justamente sobre o sentido da vida. Ao observar o dia a dia das pessoas, o autor constata que "tudo é vaidade", repetindo "vaidade das vaidades" (Ecl 1,2). Sem Deus, o homem é incapaz de encontrar o verdadeiro sentido da sua existência, perdendo-se numa vida cheia de vaidades. Na Carta aos Colossenses, S. Paulo nos motiva a fazer a experiência de uma vida nova. Para tanto, somos chamados a despojar-nos do "homem velho", superando a avareza, a cobiça dos bens e qualquer outra forma imoralidade ou idolatria.

"Revestir-se do homem novo" (Cl 3,10), à imagem de Cristo e por meio dele, é dom de Deus, mas é também tarefa a ser assumida por cada um que busca ser “rico diante de Deus”, ao invés de “ajuntar tesouros para si”'.


    PALAVRA DO PASTOR
         RICO DIANTE DE DEUS
          Dom Sergio da Rocha
        Arcebispo de Brasília-DF.

Em, 31 de julho de 2016
  Ana Miranda Bessa


                     

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